Férias, salários atrasados e R$ 40 mil por mês; como Sport dissolveu futebol feminino

(Foto: Williams Aguiar / Sport Club do Recife)


Férias coletivas, para readequação do alojamento. Foi essa a justificativa dada pelo Sport para liberar as 23 atletas do futebol feminino, na tarde da última terça-feira. Algo chama atenção, no entanto. Nenhuma das jogadoras recebeu passagem de volta para se reapresentar ao clube. Mesmo com a Série A1 do Brasileiro se iniciando no dia 17 de março.

- Não decidimos nada. Inicialmente, elas vão para um período de férias de 12 dias, para que a gente reforme o alojamento - disse o vice-presidente, Carlos Frederico, que não soube falar o porquê de as meninas não terem passagem de volta.

A resposta oficial, que indica férias, contrasta com a forma como as atletas foram avisadas. A atacante Jhulyana, no clube desde 2017, é uma das seis que recebem salário - todas as outras ganham ajuda de custo. Ela deixa claro como a notícia chegou ao departamento.

- Não são férias, falaram que acabou. A gente estava treinando normal, porque o Brasileiro começa dia 17 de março, aí falaram que teria uma reunião. A gente estava na academia. Nenhum dirigente teve a capacidade de falar com a gente, mas foi nos passado que estávamos sendo liberadas. É triste, porque você acaba criando uma identificação com a cidade e com o clube. Queria seguir levando o nome do Sport, mas não é possível. Isso é muito triste. Nós sabíamos que a queda para Série B traria dificuldades, mas não esperávamos que fosse acabar assim.

A questão financeira, decisiva para que o clube optasse por dissolver o departamento, chama a atenção. Isso porque, somando-se os salários de todas as atletas e comissão técnica, o Sport tem um gasto mensal que gira em torno de R$ 40 mil. Mesmo assim, as seis atletas que têm carteira assinada estão com os salários de novembro e dezembro, além do 13º, atrasados.

Apesar do custo ser ínfimo, comparado ao elenco do futebol profissional, que encerrou 2018 custando cerca de R$ 2,5 milhões e tem estimativa de girar perto de R$ 1 milhão, em 2019, o presidente Milton Bivar reconheceu que o departamento dificilmente seguirá.

- Está perigando, sim. Se não acabar será reformulado, pois não temos condições de manter o mesmo investimento.

Com o Brasileiro iniciando no dia 17 de março e sem time, o Sport tem até o final de fevereiro para indicar a participação ou não na competição. Se optar por ficar de fora, será rebaixado automaticamente para segunda divisão. Em 2020, no entanto, o clube será obrigado a ter uma equipe de futebol feminino. De acordo com regulamento da CBF, clubes da Série B só disputarão o torneio se mantiverem em seu quadro uma equipe feminina.

Globo Esporte

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