Após polêmica e pressão dos jogadores, Mundial de handebol não vai ter torcedores

(Foto: Reprodução)


A primeira grande competição da pandemia vai acontecer sem público. Na noite do domingo, a Federação Internacional de Handebol (IHF) anunciou que o Mundial masculino do Egito não vai mais contar com torcedores na arquibancada. A decisão às vésperas do torneio, que começa na quarta-feira, foi uma resposta à pressão dos jogadores, que se posicionaram contra a presença da torcida como medida de segurança contra o coronavírus.

A polêmica começou quando quatro jogadores alemães pediram dispensa (Hendrik Pekeler, Steffen Weinhold, Finn Lemke e Patrick Wiencek). Três vezes eleito o melhor jogador do mundo e atual campeão mundial e olímpico, o dinamarquês Mikkel Hansen também cogitou cancelar a ida ao Egito.

- Eu estaria mentindo se dissesse que não pensei em cancelar. Não sei se o torneio deve ser cancelado, mas não deve haver torcedores. Isso não faz sentido. Em países como Dinamarca, França e Alemanha, onde acredito que a pandemia corona está sendo levada a sério, jogamos semana após semana em frente a arquibancadas vazias. No Egito, por outro lado, você deve jogar para uma multidão de pessoas - disse Hassen, em entrevista ao jornal dinamarquês "Jyllands-Posten".

A organização do Mundial já havia reduzido a presença dos torcedores a 20% da capacidade das arquibancadas, mas os jogadores não ficaram satisfeitos. Destaque da seleção brasileira e do Barcelona, Haniel Langaro fez coro aos atletas europeus e criticou até mesmo a realização do Mundial.

- Estamos falando de uma pandemia que já matou muita gente. Na minha opinião não deveríamos nem jogar um Mundial assim, principalmente com o público. Acho que temos que ter um controle muito, muito grande. Com o público é muito mais difícil. É difícil saber o que as pessoas que forem ao jogo fizeram antes de lá estarem. Por isso sou muito contra o público. Haverá muito risco, espero que não aconteça nada, mas vejo que é muito complicado com tanta gente - disse o brasileiro, em entrevista ao site espanhol especializado "handball100x100.com".

A Comissão de Atletas da União Europeia de Handebol (EHF) enviou uma carta à IHF pressionando para que os jogos do Mundial sigam as regras de segurança das partidas que estão sendo realizadas na Europa, com portões fechados. Às vésperas da estreia da competição, a IHF cedeu à pressão.

- Durante os últimos meses e semanas, a situação da Covid-19 foi monitorada e avaliada de perto e a questão do espectador foi levantada várias vezes. Todas as partes chegaram a um acordo que o Mundial seja realizado sem espectadores a fim de manter as partes interessadas envolvidas no evento seguras e saudáveis - afirmou em nota a IHF, que ressaltou que os ingressos já vendidos vão ser reembolsados.

O Mundial do Egito vai ser disputado entre 13 e 31 de janeiro. Pela primeira vez, vão ser 32 seleções participantes - antes eram 24 -, que ficaram em uma bolha de isolamento em hotéis exclusivos para a competição. Uma série de medidas de combate ao coronavírus foram tomadas, como a testagem regular de todas as pessoas da bolha do Mundial.

O Brasil conquistou no Mundial de 2019 a inédita nona posição, e os jogadores acreditam que é possível superar essa campanha para chegar às quartas de final. Não vai ser uma missão fácil em um Mundial que passou de 24 para 32 seleções. O Brasil está no Grupo B e estreia na sexta-feira, às 14h (de Brasília), contra a Espanha, atual campeã europeia e uma das favoritas ao título no Egito. Polônia e Tunísia completam a chave. Os três melhores avançam para a segunda fase e carregam seus resultados em uma nova chave com os três melhores países do Grupo A (Alemanha, Hungria, Uruguai e Cabo Verde). Apenas os dois melhores na segunda fase avançam para as quartas de final.

- Espero que possamos conseguir algo positivo, embora saibamos que temos um grupo muito difícil, talvez o mais forte do Mundial. O formato não nos ajuda muito, porque é mais fácil para times com mais jogadores ou mais completos. Mas eu acho que se quisermos fazer algo positivo, temos que ter uma primeira fase muito boa - avaliou o lateral esquerdo Haniel Langaro.

Globo Esporte

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