Bruno Guimarães e Matheus Cunha se desculpam por não usar agasalho no pódio em Tóquio: "Equívoco grande"

(Foto: Reprodução)


Pilares do time que deu ao Brasil o bicampeonato olímpico no futebol masculino, o meio-campista Bruno Guimarães e o atacante Matheus Cunha foram dois dos convidados especiais do "Bem, Amigos!" desta segunda-feira. Apesar da grande conquista com a vitória por 2 a 1 sobre a Espanha, a polêmica de os atletas não terem subido ao pódio com o agasalho do "Time Brasil" foi abordada. Guimarães e Cunha pediram desculpas pelo ocorrido.

- Na hora de toda a euforia é o momento de êxtase muito grande, a gente não tem noção do que está acontecendo. Um liga para a esposa, outro liga para a família, e aí entra um japonês mandando a gente correr para o pódio que só faltava a gente. Se a gente tivesse a total noção do tamanho que seriam as coisas, a gente jamais teria feito isso. Foi o único país que não entrou com isso. Em nenhum momento a gente quis menosprezar qualquer outro atleta ou outras modalidades.

- A gente estava muito no clima olímpico, se reunia todo momento no hotel para assistir a qualquer modalidade que o Brasil ia entrar. Acontece que estava num momento de êxtase enorme e não tem a total dimensão. Reconhecemos que foi um equívoco muito grande, pedimos desculpas. Infelizmente já foi, reconhecemos sim que foi um equívoco, mas jamais pensamos em diminuir qualquer outra modalidade ou outros atletas - disse Bruno.

Depois da cerimônia da entrega de medalhas do futebol masculino, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e a Peak, empresa que confeccionou o material esportivo do Time Brasil, soltaram notas de repúdio em relação ao fato de o time ter subido ao pódio com o agasalho amarrado à cintura, colocando o uniforme da Nike, que patrocina a seleção brasileira de futebol, em primeiro plano.

Galvão brincou com Cunha e disse que ele estaria liberado de responder sobre a polêmica por ser mais novo do que Bruno. O atacante, porém, fez questão de também afirmar que os jogadores da seleção brasileira não tomaram a atitude com o intuito de diminuir os demais atletas envolvidos nos Jogos de Tóquio.

- Eu queria falar também. É uma situação que posso falar: temos um grupo muito unido graças ao Branco. É disso que não te falo que foi uma decisão acatada. Foi momento de êxtase muito grande. Um olha para o outro, um vê a camisa e diz: "Vamos assim, vamos dessa forma". Até mesmo passam imagens minha com o celular no pódio. É difícil você não lembrar das pessoas que estiveram contigo nos momentos difíceis. Não foi por maldade nenhuma.

- Se alguém foi prejudicado por nós, a gente pede desculpas de coração e muito triste. A gente torceu por todos os atletas brasileiros como se fosse a gente. A gente já torcia desde pequeno, então imagina estar participando. E a gente tem muito orgulho de estar no Time Brasil e por dar essa medalha. Foi uma tomada de decisão totalmente inconsciente. Se erramos, estamos aqui para acertar, e que isso não tire o brilho do mais importante que foi a medalha de ouro.

Representatividade da medalha para a dupla e seus respectivos clubes

Antes de chegar à polêmica, a primeira pergunta endereçada à dupla, feita por Marco Antonio Rodrigues, foi a seguinte: o que representou o ouro e como ele repercutiu no Lyon, clube de Bruno, e no Hertha Berlim de Cunha?

Bruno citou que conquistar uma Olimpíada era um de seus três principais sonhos no futebol e que deixou isso bem claro a Juninho Pernambucano, diretor esportivo do Lyon, clube que o tirou do Athletico-PR após uma grande temporada em 2019.

- Para mim, valeu muito, era um sonho. Com certeza para o clube também foi importante. Quando fui para o Lyon, e o Juninho foi me buscar pessoalmente na Colômbia (onde foi disputado o pré-olímpico), eu disse: "Juninho, você está me buscando aqui na Colômbia no pré-olímpico, então eu faço questão de ir para a Olimpíada. Se a gente puder botar isso em contrato...". Foi uma negociação difícil, mas deu tudo certo. Era um sonho de de criança. Sempre deixei claro em outras entrevistas que meus sonhos sempre foram Olimpíadas, Copa do Mundo e Champions League. Depois eu posso encerrar minha carreira. Para mim contou bastante e adiantou muito.

No mesmo tom, Matheus Cunha afirmou que trocou o também alemão Red Bull Leipzig pelo Hertha justamente para assegurar a participação na Olimpíada. Sobre a recepção dentro do clube após o ouro, afirmou que seus colegas queriam ver e tocar na medalha.

- Mudo de clube por querer de todas as formas estar no Pré-Olímpico. Então quando chego no clube era indiscutível que meu foco principal foi a seleção brasileira. O clube me recebeu muito bem, todo mundo querendo ver a medalha, e eu tenho certeza que eles ficaram muito orgulhosos de ter um jogador olímpico.

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Preferência de Bruno em relação à posição no meio

- Eu prefiro mil vezes jogar de camisa 8, apesar de jogar de camisa 5 aqui no Lyon. Muitas vezes eu tive que jogar de camisa 5 aqui na temporada passada, mas prefiro jogar de camisa 8 sem dúvidas, tendo mais participação na construção de jogadas. Gosto de estar com o ataque e de ir lá atrás buscar. O camisa 5 ainda tem uma função mais defensiva. Sendo que eu posso fazer o camisa 5 sim, mas me sinto mais com liberdade de 8 pisando na área.

Diferença de posicionamento de Cunha

- Hoje temos que ter um pouco mais de mobilidade porque em todos os lugares onde jogamos não tem uma formação certa. Faço um Pré-Olímpico todo de 9 e chega na Olimpíada e jogo de segundo atacante. Acredito que essa mobilidade é muito importante. Atacante tem que fazer o máximo para abrir espaços, a gente trabalha muito com infiltrações na seleção olímpica principalmente. Saber movimentar, controlar bem os espaços entre os zagueiros e fazer gol, que é o mais importante.

Matheus Cunha revela inspiração em Ronaldo

- Como eu fiz uma passagem no Brasil só de base e vim para a Europa muito novo e me adapto a algumas posições que aprendi a fazer aqui, tive mentalidade diferente. Sempre fui um meia de origem até meus 17 anos. Chego no profissional e me transformo em centroavante porque fazia muitos gols apesar de ser meia. Sempre gostei muito de jogar na faixa central. Um pouquinho depois do falso 9 do Messi, eles começaram a me colocar de 9, e eu comecei a tentar mais adaptar o mais rápido possível a essa posição.

Como inspiração, eu busco muito jogadores com mobilidade. O Ronaldo, por mais que jogasse de 9, saía da área, driblando fora da área, criando muitas possibilidades para infiltrações de outros atacantes. Gosto muito de ver esse estilo de jogadores grandes. Sou um pouco mais leve, então coloco muita mobilidade para que eu possa ser um atacante completo e exercer todas as funções ali.

Globo Esporte

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