Sobrevivente relata "cena de terror" em incêndio e promete realizar sonho dos amigos

(Foto: Reprodução)


Felipe Chrysman é um dos 13 garotos que saíram sem ferimentos do incêndio no Ninho do Urubu, na madrugada da última sexta-feira. A tragédia causou 10 mortes e deixou outros três atletas feridos. O dano para o jovem centroavante de 15 anos é na mente. Ele ainda vai demorar a se recuperar emocionalmente do episódio.

Felipe, conhecido nas categorias de base do Flamengo como Felipão, foi o primeiro a acordar no alojamento, que naquele momento contava com 26 jovens. A possibilidade mais forte, de acordo com a perícia, é que o incêndio começou justamente no quarto onde ele estava, junto de outros dois sobreviventes, Felipe Cardoso e Jean Sales. Em entrevista ao Esporte Espetacular, Felipão explicou o que aconteceu:

- Acordei, estava todo mundo dormindo no alojamento. Acordei com o cheiro de fumaça no meu nariz, clima quente no meu rosto, a temperatura do quarto estava quente. Antes estava gelado por causa do ar-condicionado. Abri o olho, sem entender, e vi que estava pingando cinzas do ar condicionado, estava derretendo. Já comecei a gritar para sairmos de lá. O teto já estava preto.

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Sem a dimensão do incêndio, Felipe ainda encheu um copo d'água, achando que poderia ajudar a apagar o fogo no seu quarto. Por isso, ele e Jean Sales saíram do container aparentemente tranquilos. Mas antes de qualquer tentativa, o fogo aumentou muito. Buscaram ajuda do monitor.

- Quando a gente estava voltando, o container já estava igual cena de terror, não gosto nem de lembrar. O ar explodiu. Saíram alguns meninos. Se desse, eu faria de tudo para entrar lá e salvar alguns amigos que estavam precisando de ajuda.

Minutos depois, o Corpo de Bombeiros chegou para conter o incêndio.

- Os bombeiros pediram para eu me afastar, mas eu não consegui. Eu tinha na cabeça que iria salvar pelo menos alguns amigos que estavam lá dentro. Eu ouvi eles gritando, meu coração doeu muito. Eu queria entrar de todo jeito, mas o cara do Flamengo me segurou.

Apesar de muito abalado, Felipe Chrysman garantiu à reportagem que estava em condições de falar. E relembrou os amigos que se foram.

- A gente convivia todos os dias. Momentos bons, momentos ruins. Eram brigas, brincadeiras. Logo a gente voltava para a nossa resenha. Os treinos eram sempre alegres. Isso é muito triste. Minha ficha até agora não caiu. Meu coração está muito partido.

O jovem de 15 anos agradeceu as mensagens que tem recebido nas redes sociais e deixou um recado para todos que estão na torcida por eles.

- A gente vai continuar, vai conseguir realizar o sonho. Não só por nós, mas pelos amigos que se foram, cujos sonhos foram interrompidos.

Globo Esporte

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