Em webinar da Fifa, Pia destaca mudança no papel das zagueiras e importância da evolução física no futebol feminino

(Foto: Reprodução)


A técnica Pia Sundhage participou nesta quinta-feira de um webinar da Fifa para discutir a análise física feita com mais de 436 jogadoras de 24 países durante a Copa do Mundo de 2019, na França (confira aqui o relatório completo). Elas foram gravadas durante o torneio e suas atividades foram codificadas em zonas do campo em relação à velocidade aplicada, o que foi notado um avanço grande em relação à disputa no Canadá em 2015.

A treinadora da seleção brasileira fez questão de ressaltar o papel de uma posição específica dentro do campo: a zagueira central. Na pesquisa divulgada pela Fifa, tanto essas atletas quanto as goleiras passaram a ter desempenhos mais decisivos até mesmo com mais ímpeto para formar jogadas de ataque. Das defensoras, a liberdade para chegar à frente – algo comum para Renard, da França, por exemplo. Pia comentou sobre como poder utilizar isso na próxima Copa do Mundo, em 2023.

- Primeiro de tudo o conhecimento. Quem está correndo, por que está correndo. É diferente um jogo do outro dependendo da tática. Então é muito importante que você tenha a habilidade de correr repetidos arranques diversas vezes. Penso que isso é interessante porque tem se falado bastante dos lugares nos lados. Estou pensando o que esses dados farão com as zagueiras centrais, porque nós falamos da preparação física e repetir os mesmos arranques. Se você adicionar técnica eu penso que é algo muito interessante. No Brasil, por exemplo, onde nós temos jogadoras técnicas, o que você poderia fazer se com a velocidade do jogo que está aumentando tremendamente e você adiciona também a técnica? Agora você fala em zonas para cima e para baixo nos flancos. Você poderia imaginar as zagueiras centrais com boa resistência e boas com a bola. Elas decidindo e dando o passe final e achando uma combinação. Teremos tantas coisas táticas para variar sua formação e o tipo de formato que você quer jogar. É maravilhoso - afirmou Pia Sundhage.

No relatório, o campo foi dividido em cinco zonas com a cinco sendo a mais avançada. Estados Unidos, Holanda, Suécia e Inglaterra foram as únicas seleções capazes de repetir da fase de grupos ao mata-mata o nível alto de desempenho físico em uma média dos espaços do gramado. Um detalhe comparativo: os seis times que cobriram a menor distância na fase de grupos - 19 km/h na zona 4, por exemplo foram os eliminados. Para se ter uma ideia, nos espaços 4 e 5 a maior velocidade alcançada foi 23 km/h. Mesmo com o crescimento dos times europeus e do americano e o distanciamento físico, Pia colocou que é possível uma evolução para o próximo Mundial das outras equipes e deu o conselho de como fazer.

- É se fazer competitivo não só no seu ambiente. Você precisa ter olhos internacionais. Sempre há um próximo nível. Você pode começar com o relatório. Se você quer ser o melhor clube do mundo, quer ser a melhor seleção do mundo você precisa olhar para os outros. É importante também os preparadores físicos conhecerem o jogo. Eles podem ajudar a evoluir tremendamente taticamente.

Globo Esporte

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