Os desafios para o futebol feminino no Brasil

(Foto: Fifa)

Por Nicholas Araujo
Redação Blog do Esporte


O futebol feminino ainda é pouco disseminado pelo Brasil. Ainda enraizado em preconceitos e pouco conhecimento, a categoria vem a passos lentos quebrando barreiras dentro do território nacional. A jogadora Marta, por exemplo, se tornou referência na categoria e inspiração para milhares de jovens dentro do cenário futebolístico.

Recentemente, a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ) promoveu um encontro de profissionais para falar sobre o futebol feminino. O evento contou com parceria da Federação Paulista de Futebol (FPF) e outros parceiros, que discutiram os desafios do futebol no Brasil e no mundo.

Uma das convidadas do Summit Rio/SP de Futebol Feminino foi Mônica Esperidião, cofundadora da Women Experience Sports (WES), empresa comandada por três mulheres e que promove a melhor experiência de um evento esportivo voltado ao público feminino. A empresa tem sede na Espanha, mas trabalha com diversos eventos no mundo todo.

Na entrevista exclusiva ao Blog do Esporte, Mônica explica os desafios do futebol feminino no Brasil e as mudanças que vem ocorrendo na categoria. Confira a entrevista:

Mônica Esperidião (Foto: Divulgação)

Nicholas Araujo: Qual o intuito principal do WES?

Mônica Esperidião: Dar visibilidade para a mulher profissional do esporte, fazer com que elas sejam cada vez mais consideradas e respeitadas nesse setor, como forma de amadurecimento para o mesmo, através da promoção de diversidade. 

Nicholas: A mulher em si é muito desvalorizada no esporte?

Mônica: Sim, a indústria esportiva ainda é muito masculina, a mulher ainda não tem o espaço, a voz, o respeito, a oportunidade, o devido valor, pelo seu talento e experiência a aportar nessa indústria. 

Nicholas: Quais os principais projetos atualmente do WES? 

Mônica: Estamos relançando em breve nossa plataforma com o objetivo de nos tornarmos a maior comunidade de mulheres na gestão do esporte promovendo de forma mais ativa essa transformação. 

Nicholas: Como atitudes como o Summit organizado pela FERJ podem contribuir para o crescimento do futebol feminino?

Mônica: A troca de conhecimentos e experiências sempre somam para abrir a cabeça e fazer com que projetos saiam do papel, e eventos como este promovidos pelas federações paulista e carioca dão maior visibilidade a categoria, fazendo com que as pessoas conheçam os profissionais que estão por trás dessa indústria, assim como comentei, gerando uma troca necessária para o atual cenário do esporte.  

Nicholas: O que falta para o futebol feminino crescer no Brasil?

Mônica: Tratar a categoria de forma profissional, com planejamento estratégico a longo prazo. Trabalhar com objetivos e metas bem definidas, mas para tudo isso acontecer, é necessário que as gestoras atuais deem espaço a quem está interessado e tem o conhecimento para fazer isso acontecer.  

Nicholas: Falta apoio das marcas para este crescimento do futebol?

Mônica: As marcas não têm a responsabilidade de apoiar como forma social, eles são os stakeholders responsáveis por fazer girar o dinheiro dentro da categoria, mas para isso, precisam enxergar com clareza o retorno que terão ao patrocinar.  

Nicholas: Como é o futebol feminino em outros países, como Estados Unidos, Canadá e Europa?

Mônica: EUA e Canadá, a estrutura é distinta, devido às bolsas universitárias as atletas. Isso desenvolve o esporte no país num alto nível desde a base. Já na Europa, depende do país, alguns estão mais adiantados e outros em situação similar ao Brasil, em desenvolvimento da categoria. 

Nicholas: Falta apoio de entidades como a CBF para o crescimento da modalidade?

Mônica: A CBF realiza o seu papel e tá engrenando, claro que ainda tem muito a desenvolver, como falei antes, ter pessoas interessadas internamente dedicadas ao tema, mas já estão nesse rumo. 

Indicação

Para entender o esporte feminino em tempos de crise, foi publicado no último dia 30 um livro com artigos de 26 profissionais do futebol de diversos países com suas visões sobre a modalidade neste período de corovonavírus. O link pode acessado e comprado por este link: https://bit.ly/2NEFTqu

Comentários