Corrida histórica pela artilharia das camisas tem Neymar e Jesus como herdeiros

(Foto: Pedro Martins / MoWA Press)


O futebol pode se modernizar, habitar arenas, incorporar novas expressões táticas, vestir camisas 39 ou 83, mas quem ainda não se deixa seduzir por charmes antigos como os números 10 e 9 às costas de craques e artilheiros?

No Brasil, a relação vem de criança. Qualquer garoto quando ganha ou compra uma camisa de seu time ou da Seleção sente-se orgulhoso de ser o 10 ou o 9. E isso tem muito a ver com o que eles já fizeram em Copas do Mundo.

A camisa 10 do Brasil já fez 34 gols. A 9 fez 33. Sozinhas? Claro que não. Nos corpos de personagens históricos como Pelé, Ronaldo, Tostão, Zico, Careca, Rivellino... E em 2018, quem dará sequência a essa disputa lúdica e eletrizante são os dois principais goleadores da, por enquanto, bem sucedida Era Tite.

Um bônus de sutileza numa corrida em que a maior beneficiada pode ser a Seleção. Uma equipe formada por jogadores, na visão do comandante, capazes de abrir mão dos gols em prol dos companheiros.

- Eu vou dizer uma coisa: esse grupo se gosta tanto, que se um tiver que abrir mão de fazer um gol para dar ao outro, ele dá. Eles não têm uma relação de profissionalismo, têm uma relação de amizade. É meu sentimento - disse o técnico.

O primeiro Mundial com camisas numeradas foi o de 1950, no Brasil. O artilheiro Ademir usou a 14.

Até os anos 80, a camisa 10 liderava de lavada. Muito graças a Pelé. O Rei marcou 12 vezes em Copas, sempre carregando o número que eternizou. Em 1986, o jogo começou a virar. Machucado, Zico demorou a estrear no torneio, enquanto Careca somava gols e mais gols. Foram cinco. O Galinho terminou zerado - lembrança infernal do pênalti perdido nas quartas, contra a França.

Quatro anos depois, na Itália, novamente o 10 não marcou. Era Silas. E Careca somou mais dois. Nos Mundiais de 1998, 2002 e 2006, o Fenômeno fez a 9 disparar. E no Brasil, em 2014, os 4x1 de Neymar sobre Fred recolocaram o número 10 na liderança. Apertada, sofrida, disputada.

Gabriel Jesus tem conseguido um feito. Fazer mais gols do que Neymar na Seleção era inédito. Aposta ousada de Tite para vestir o manto dos goleadores, o jovem do Manchester City tem uma escrita a manter na Rússia: desde 1994, com o tetracampeão Zinho, a camisa 9 não passa uma Copa em branco.

O próximo capítulo desse clássico entre as camisas 9 e 10 será exibido neste domingo, às 15h (horário de Brasília), contra a Suíça. Quem será vitorioso? Melhor que sejam os dois.

Globo Esporte

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