Trump diz que não vai mais assistir NFL ou futebol se jogadores se ajoelharem

(Foto: Sarah Silbilger/Getty Images)


Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump afirmou que não vai mais ver os jogos da NFL ou as partidas das seleções americanas de futebol - masculina e feminina - se os jogadores se ajoelharem durante o Hino Nacional do país.

A liga de futebol americano afirmou na semana passada que os atletas deveriam ser liberados para protestar e acrescentou que foi "errado não ouvir" os esportistas no passado. A US Soccer (Federação Americana de Futebol) derrubou uma regra que proibia seus jogadores de ajoelhar durante o Hino Nacional dos Estados Unidos na quinta-feira.

A prática se tornou famosa com Colin Kaepernick, ex-jogador da NFL, em 2016, com o objetivo de se mostrar contra a desigualdade racial no país. Trump se opõe ao ato de ajoelhar durante o Hino Nacional e pede repetidamente que os jogadores da NFL que o façam sejam punidos ou banidos.

O congressista republicano Matt Gaetz criticou a decisão da US Soccer nas redes sociais, e Trump respondeu: "eu não vou assistir mais". E, em um post mais recente, ele acrescentou: "parece que a NFL está indo na mesma direção também, mas não comigo assistindo".

As mudanças de postura das entidades acontecem depois dos protestos que tomaram conta dos Estados Unidos e do mundo pela morte do ex-segurança negro de 46 anos, George Floyd, por um policial branco chamado Derek Chauvin, em Minneapolis. Esse agente ficou com o joelho em cima de seu pescoço por quase nove minutos.

A Federação Americana de Futebol tinha introduzido a punição em 2016 depois que a estrela Megan Rapinoe ajoelhou em solidariedade ao ex-quarterback do San Francisco 49ers Colin Kaepernick. A US Soccer, agora, diz que a política estava errada. A NFL, por sua vez, tentou proibir o ato em maio de 2018, introduzindo uma norma que multava os times cujos jogadores não se levantassem para escutar o Hino Nacional, mas ela caiu dois meses depois.

Depois da morte brutal de George Floyd, estrelas chamaram a liga de racista, e o comissário Roger Goodell respondeu dizendo que a NFL cometeu erros e que encorajaria os atletas, a partir de agora, a se manifestarem. Trump questionou a decisão e disse que o ato "desrespeita o país e sua bandeira".

Kaepernick, por sua vez, não joga desde que se tornou um agente livre em 2017. Ele apresentou uma queixa contra os proprietários da NFL naquele ano, acreditando que eles estavam conspirando para não contratá-lo por causa do protesto de joelhos. Os dois lados resolveram o assunto com um acordo confidencial em fevereiro de 2019.

O quarterback dos Browns, Baker Mayfield, afirmou que planeja se ajoelhar durante o Hino Nacional assim que os jogos da NFL retornarem para protestar contra a injustiça social, a brutalidade policial e o racismo. Respondendo um post de um fã no Instagram neste sábado que pedia que ele não ajoelhasse, o jogador falou: "Desista. Eu absolutamente vou".

Mayfield tem falado muito sobre a necessidade de mais entendimento e justiça na nação depois do assassinato de George Floyd.

- O que está acontecendo agora, obviamente ocorre há muito tempo. Agora enfim todos estão se juntando para lutar contra isso - relatou.

O quarterback usou uma camisa "I Can't Breathe" (do inglês, "Não consigo respirar") em referência a George Floyd enquanto malhava em uma postagem. Mais tarde, ele postou outra mensagem com seu posicionamento sobre o protesto de joelhos.

- Todo mundo que está tão chateado com meu comentário não entende a razão por trás de se ajoelhar em um primeiro momento. Eu tenho muito respeito pelos militares, policiais e outras pessoas que servem nosso país. É sobre igualdade e sobre todos serem tratados da mesma forma porque somos todos humanos. É algo que foi ignorado por um longo período e é minha culpa também por não ter sido melhoir instruído e ter ficado em silêncio. Seu eu perder fãs, OK. Eu sempre falei o que pensava. E isso falo do meu coração.

Enquanto o quarterback dos Browns confirmou que vai se ajoelhar em protesto quando os jogos voltarem, outro atleta da equipe de Cleveland chamou a atenção por uma atitude bacana. Myles Garrett está ajudando um homem que ficou permanentemente ferido durante os protestos do #BlackLivesMatter (#VidasNegrasImportam) na cidade. Ele está, pessoalmente, ajudando e arrecadando dinheiro para sua recuperação.

John Sanders, de 24 anos, estava tirando fotos dos protestos no centro de Cleveland no dia 30 de maio, quando levou um tiro de borracha, que ocasionou na perda de seu olho esquerdo. Ele também sofreu outras lesões faciais como consequência da situação. Uma vaquinha virtual foi criada para ajudá-lo com os gastos de hospital e outras necessidades.

Myles pediu ajuda aos seus 210 mil seguidores no Twitter para que doassem para a campanha em prol de Sanders. Ele também entrou em contato com John para animá-lo e dar um pouco de coragem ao rapaz diante do momento de dificuldade.

- Ele me mandou mensagem dizendo sobre o quão mal se sentia com o que aconteceu e que queria fazer a diferença da forma que pudesse - disse Sander ao site americano "TMZ Sports".

Sanders afirmou que as doações dobraram nos dias que se seguiram ao pedido de ajuda de Myles pelo Twitter, com mais de US$ 17 mil arrecadados até agora - cerca de 85 mil reais.

- Foi loucura. Digo, a coisa toda - de me tornar um exemplo vivo da brutalidade policial e da falta de treinamento até ter alguém da NFL, talvez o melhor jogador de sua posição, mas alguém que sempre respeitei me ajudando, é realmente incrível. Me ajudarem? Nunca aconteceu antes. Estou muito grato.

Sanders ainda precisa de muito tempo para a plena recuperação, mas está muito agradecido por ter a ajuda e a presença do jogador da NFL.

Globo Esporte

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