Danrlei quer retirar item trabalhista de Projeto de Lei: "Nada a ver com a pandemia"

(Foto: Divulgação)


Está prevista para esta terça-feira, a partir das 15h, a votação de Projeto de Lei que pede suspensão do Profut durante período de calamidade pública, permite mudança em regulamentos de competições e provoca polêmica com a redução de 50% na cláusula compensatória em caso de rescisão de contrato unilateral dos clubes com os atletas.

Por associações de classes e através de advogados, os jogadores se manifestaram e invadiram o perfil do Instagram do deputado Marcelo Aro, do PP-MG, que também é diretor de relações institucionais da CBF. D´alessandro (Internacional), Hudson (Fluminense), Fernando Prass (Ceará), Felipe Melo (Palmeiras), Leo (Cruzeiro), Leandro Castan (Vasco), Ricardo Oliveira (Atlético-MG), entre muitos outros, inclusive com apoio de familiares, que comentaram que as postagens foram apagadas.

Os jogadores vão ter a voz do ex-goleiro Danrlei (PSD-RS) na votação. O ex-jogador, ídolo do Grêmio, já antecipou que vai lutar pela retirada do trecho que suprime os direitos dos atletas.

- A minha ideia é que essas questões trabalhistas, que não têm nada a ver com a pandemia, sejam retiradas agora. Que possa haver discussão maior. O projeto está sendo colocado direto para o plenário, não passou pelas comissões. Precisamos chegar a uma situação que não venha a ser tão prejudicial aos atletas - adiantou o ex-goleiro.

- Amanhã vamos colocar essa posição, colocar emenda para suprimir essas questões trabalhistas do texto para não prejudicar o projeto, que é importante. Essa questão pode ser mais discutida, pode ser nesse ano mesmo, vamos colocar e fazer andar. Sei também que essas questões são importantes para os clubes. Mas não podem ir todos os problemas para cima dos atletas - comentou Danrlei, por telefone ao GloboEsporte.com.

A proposta, que começou no texto do deputado Arthur Maia (DEM-BA), possui um limite que visa poupar atletas que ganham menos. A medida valerá apenas para aqueles que ganham mais de R$ 12,2 mil reais (valor proporcional ao dobro do teto do FGTS/INSS, de R$ 6.101,06). Atualmente, segundo último estudo encomendado pela CBF à auditoria Ernst & Young, com dados de 2018, 88% dos jogadores de futebol no Brasil ganham menos de R$ 5 mil.

Aos 47 anos, Danrlei está no terceiro mandato como deputado federal (anteriormente pelo PTB, depois pelo PSD). Ele defende também revisão da legislação trabalhista específica aos atletas, referindo-se às cobranças judiciais de jogadores sobre "adicionais noturnos, jogos aos domingos e trabalho fora de casa".

Questionado sobre a inclinação da Câmara para a possível votação desta terça, Danrlei considera imprevisível. Ele conta com o apoio do seu partido e tenta mais adeptos para a retirada do trecho que trata da cláusula rescisória do texto.

- Somos a favor desde que sejam questões relacionadas a pandemia. Que nesse tempo os clubes não precisem pagar o Profut para poder manter os salários de jogadores e de funcionários. Essa parte do projeto é boa, mas as questões trabalhistas, logo agora, com dificuldades, vai mudar? Pelo que conversei com as associações de atletas, com a Fenapaf, eles estão dispostos a conversar. Mas não dessa forma, sendo colocada do nada, sem ouvir ninguém, sem discutir a situação. Não é o momento. Eles só querem ser ouvidos. Estão dispostos a isso. Sou a favor de que a questão trabalhista seja retirada do projeto. O resto do projeto é importante. Sem ninguém ser ouvido é difícil, é complicado - completou Danrlei.

Globo Esporte

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