Sem jogos em BH, times mineiros lutam para evitar queda tripla

Estádios vazios e resultados inesperados cercam a camapanha dos times mineiros no Brasileiro deste ano. Foto: Vinnícius Silva/Futura Press

Estádios vazios e resultados inesperados cercam a campanha dos times mineiros no Brasileiro deste ano

Pode ser coincidência ou causa. Mas o fato é que, com o fechamento do Mineirão e Independência para reformas, Cruzeiro, Atlético-MG e América-MG amargam o pior desempenho na Série A desde o início da era dos pontos corridos em 2003. Jogando longe de Belo Horizonte, predominantemente em Sete Lagoas, os times mineiros flertam com um rebaixamento triplo no Campeonato Brasileiro.

Atualmente, a média de pontos de América-MG, Atlético-MG e Cruzeiro é de 28,3 pontos ganhos, sendo que os dois primeiros ocupam a zona do rebaixamento, enquanto os cruzeirenses estão na 16ª colocação, a apenas uma do descenso.

O pior desempenho dos mineiros havia sido em 2004 e 2005 Em 2004, o Cruzeiro era o 12º colocado e o Atlético-MG, o 17º, quando 24 equipes disputavam o torneio. Já em 2005, com 22 clubes, o Cruzeiro disputou as primeiras posições e o Atlético-MG acabou rebaixado.

Crise no bolso

Quanto ao prejuízo financeiro, os números são assustadores, principalmente, em relação às bilheterias. Com o fechamento do Mineirão em meados de 2010, o faturamento do Atlético-MG caiu cerca de R$ 6 milhões anuais.

Em relação ao Cruzeiro, a maior perda foi no Programa Sócio do Futebol, que chegou a 20 mil torcedores e, hoje, restaram 3 mil. De acordo com o balanço anual do ano passado, a equipe teve uma queda de arrecadação de apenas R$ 285 mil com a mudança dos jogos da capital para o interior (Sete Lagoas, Uberlândia e Ipatinga).

Porém, a tendência é de que o faturamento do Cruzeiro com bilheteria em 2011 diminua significativamente. Em 2010, o clube celeste utilizou o Mineirão na Copa Libertadores além de ter tido bons públicos quando enfrentou Corinthians, Flamengo e São Paulo, no Estádio Parque do Sabiá, em Uberlândia.

Em 2011, em levantamento até a 23ª rodada do Brasileiro, o Atlético-MG ocupava a 10ª posição com 13.151 pagantes por jogo, o Cruzeiro era o 15º com 8866 pessoas por jogo, e o América-MG, o último, com apenas 2.493 pagantes por partida.

Os dirigentes dos três clubes de Belo Horizonte acreditam que a falta de estádios na capital mineira influencia diretamente no desempenho ruim de todos eles na Série A. "O resultado ruim se deve 60% ao fator mando de campo e 40% ao time que não se encontrou", afirma Eduardo Maluf, diretor de futebol do Atlético-MG.

"Sete Lagoas abriu as portas para nos receber, mas não é a mesma coisa. Também jogamos em Uberlândia. O reflexo é dentro de campo. É o segundo ano seguido. No primeiro momento dá a sensação de que é uma coisa de improviso. Mas, agora, estamos no segundo ano e o desgaste, as viagens e o lado financeiro começam a pesar mais", explica o diretor de futebol do América-MG, Alexandre Mattos.

O desempenho do Cruzeiro, vice-campeão brasileiro em 2010, boa parte do torneio sem atuar no Mineirão, gera maiores questionamentos. Além de ter trocado quatro técnicos na temporada, a diretoria negociou vários jogadores titulares no decorrer do ano: lateral Jonathan, volante Henrique, zagueiro Gil, atacante Thiago Ribeiro além do meia Dudu, destaque no Mundial Sub-20 com a Seleção Brasileira.

O presidente eleito do Cruzeiro, Gilvan de Pinho Tavares, também justifica o fracasso da Raposa no Campeonato Brasileiro pela falta de estádios em Belo Horizonte.

"É preciso raciocinar em cima da atual situação. O clube disputou o Brasileiro com falta de um estádio em BH. O problema não é jogar na Arena (do Jacaré, em Sete Lagoas). O problema e que, no Mineirão, tínhamos 20 mil torcedores do sócio-torcedor. Com a transferência, tivemos que passar a fazer os jogos no interior, onde não tínhamos o projeto", pondera".

"Perdemos renda, torcida, e isso ajudou, inclusive, a inviabilizar e montar o time do mesmo nível de 2010. Em 2010, mesmo fora, conseguimos ser vice. Mas seríamos campeões se os jogos tivessem sido disputados no Mineirão. Fomos prejudicados técnica e financeiramente com a falta do Mineirão", completa.

O Governo do Estado de Minas Gerais, responsável pelas reformas dos estádios mineiros, garante que as obras do Independência serão concluídas em dezembro de 2011. Porém, o prazo de entrega foi alterado diversas vezes por questões burocráticas. Somados recursos dos governos federal e estadual, a reforma do estádio Independência vai custar R$ 120 milhões.

De acordo com a Secopa, estão em andamento a montagem da cobertura, a construção do estacionamento externo, revestimentos internos das paredes e ainda a vedação dos prédios e das arquibancadas.

Respiro

A última rodada foi relativamente positiva, com vitórias do Atlético e do América. Os resultados , no entanto, colocaram mais pressão no rival Cruzeiro, que apenas empatou com o Bahia. Com apenas um ponto de diferença na tabela (31 a 30), atleticanos e cruzeirenses podem inverter de posição dependendo dos placares diante dos líderes Vasco e Corinthians, respectivamente, no domingo. Na lanterna com 24 pontos, o América-MG enfrenta o Figueirense em Florianópolis em busca de ar.

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