Lesões na prática de atividade física: como se prevenir?

(Foto: Pixabay)


A prática regular de atividades físicas é a base fundamental para a saúde e o bem-estar, mas o receio de lesões ainda afasta muitas pessoas ou compromete a continuidade de suas rotinas de exercícios. Para desmistificar o tema e orientar sobre como evitar problemas, a professora Evanilde Muniz, coordenadora e docente do curso de Educação Física do Centro Universitário Módulo, destaca os erros mais frequentes e os pilares essenciais para uma prática segura e eficaz.

Segundo a especialista, a busca por resultados rápidos e a falta de orientação profissional são as principais armadilhas para quem inicia ou mantém uma rotina de exercícios. "Muitas pessoas começam por conta própria, sem avaliação prévia ou acompanhamento adequado, o que pode sobrecarregar articulações e músculos. O excesso de entusiasmo, sem respeitar o tempo de adaptação do corpo, é um caminho direto para lesões, especialmente em joelhos, quadril, ombros, tornozelos, cotovelos e coluna", alerta a especialista.

A negligência com o aquecimento e o alongamento, bem como o uso inadequado de equipamentos (como um tênis errado ou carga mal ajustada), também são fatores que aumentam significativamente o risco de distensões e entorses.

Sinais de alerta que não devem ser ignorados

A docente enfatiza que o corpo envia sinais claros quando algo não está certo. "Dor persistente (mesmo em repouso), inchaço ou rigidez articular, perda de força ou sensibilidade, estalos acompanhados de dor e diminuição do desempenho sem causa aparente são indicativos de que é hora de interromper a atividade e buscar avaliação de um profissional de Educação Física e, se necessário, de outros especialistas da saúde", orienta.

Pilares para uma rotina segura e duradoura

Para além da técnica correta e do aquecimento, Evanilde aponta quatro pilares essenciais para "blindar" o corpo contra lesões a longo prazo. O primeiro é o fortalecimento muscular equilibrado, pois, como explica a especialista, "um corpo forte é um corpo protegido". Ela ressalta que o desequilíbrio muscular gera compensações e aumenta o risco de lesões, sendo crucial trabalhar tanto grandes grupos musculares quanto a musculatura estabilizadora.

Em segundo lugar, a flexibilidade e mobilidade articular são fundamentais, já que manter uma amplitude de movimento saudável previne encurtamentos e sobrecargas, com o alongamento e exercícios de mobilidade articular atuando como aliados importantes.

O terceiro pilar é o descanso e recuperação, pois o corpo precisa de tempo para se regenerar; treinar todos os dias sem pausas adequadas pode levar ao overtraining, comprometendo o desempenho e favorecendo lesões por estresse repetitivo.

Por fim, a alimentação e hidratação completam a lista, uma vez que uma nutrição equilibrada fornece os substratos energéticos e estruturais para a recuperação e fortalecimento, enquanto a hidratação adequada mantém a integridade articular e o bom funcionamento muscular.

Adaptações para diferentes grupos populacionais

A especialista ressalta que a individualização do plano de treino é fundamental, pois as necessidades e os riscos variam significativamente entre diferentes grupos:

Idosos: priorizar equilíbrio, força funcional e mobilidade, com cargas progressivas e monitoramento de condições clínicas.

Gestantes: focar em postura, fortalecimento de core, mobilidade pélvica e respiração, evitando impactos e trabalhando em conjunto com o obstetra.

Crianças e adolescentes: estimular o desenvolvimento motor global com atividades lúdicas e variadas, evitando sobrecarga precoce ou especialização esportiva antes da maturação.

Atletas amadores: avaliação funcional inicial, foco em fortalecimento de cadeia posterior, mobilidade e estabilidade, com cargas bem distribuídas e inserção de treino preventivo.

"A prevenção de lesões é um trabalho contínuo, que exige escuta ativa do corpo, orientação técnica, planejamento individualizado e integração com profissionais da saúde como profissionais de Educação Física, fisioterapeutas, nutricionistas e médicos. Cuidar do corpo com consciência é o caminho mais seguro para uma vida ativa, duradoura e com qualidade", conclui a professora.