RBR vive nova fase da crise e fica fora dos pontos após 77 corridas

 (Foto: Andrea Diodato/NurPhoto via Getty Images)


Indefinição sobre a permanência de Max Verstappen - cuja ida para a Mercedes passou a ser ventilada na imprensa -, instabilidade com o segundo piloto Yuki Tsunoda e desvantagem na disputa contra as principais rivais: essa é a atual realidade da RBR, em crise na Fórmula 1. Para completar, o desempenho ruim da escuderia no GP da Áustria de domingo ainda causou o fim de uma sequência histórica.

Correndo em casa no circuito de Spielberg (também conhecido como RB Ring), o time austríaco viu Max Verstappen abandonar a prova logo na primeira volta após ser atingido por Kimi Antonelli, da Mercedes. Por outro lado, o japonês Yuki Tsunoda mais uma vez mostrou pouco ritmo e acabou apenas em 16º - último entre os pilotos que não abandonaram.

O resultado foi desastroso para a RBR, que terminou com os dois pilotos fora da zona de pontuação após 77 corridas com pelo menos um competidor no top 10. A última vez que os dois carros azuis ficaram fora dos dez primeiros foi no GP do Bahrein de 2022, quando Verstappen e Sergio Pérez abandonaram a prova.

A sequência de corridas com ao menos um carro pontuando foi a segunda maior da história da Fórmula 1, superada apenas pelas 81 provas da Ferrari dentro do top 10, entre os GPs da Alemanha de 2010 e o de Singapura, em 2014.

Max Verstappen também viu sua segunda maior sequência de pontos (e a quarta maior da história) acabar: foram 31 corridas seguidas dentro do top 10. O recorde é de Lewis Hamilton, com 48.

Mas o mau desempenho da RBR não é exclusividade do GP da Áustria. Nas últimas três corridas, a equipe garantiu apenas 19 pontos – todos de Max Verstappen – número menor até mesmo que o da Sauber, com 20 somados desde a Espanha. Uma situação inimaginável há menos de um ano, quando Max Verstappen foi tetracampeão e a Sauber ficou na lanterna, com só quatro pontos na temporada.

A diferença aumentou para McLaren, Ferrari e Mercedes, as equipes mais fortes no campeonato. Com a má fase, a RBR se vê no quarto lugar do campeonato de construtores, 47 pontos atrás da Mercedes, terceira colocada.

- A gente está vendo, mais uma vez, por uma questão de briga política, ego, tentativa de ganho de poder interno, mais uma equipe vitoriosa da história da Fórmula 1 sendo desmontada a olhos vistos - resume Rafael Lopes, comentarista de motor do ge.

Diante do cenário de instabilidade política e esportiva, as especulações sobre o futuro de Verstappen na RBR só aumentam. De acordo com a imprensa europeia, Aston Martin e Mercedes já manifestaram interesse no holandês para 2026.

A RBR sofreu com a perda de membros importantes da equipe nos últimos tempos. A principal delas foi a do lendário projetista Adrian Newey, responsável pelos carros que deram sete títulos de pilotos e seis de construtores à escuderia. O britânico agora faz parte da Aston Martin e trabalha no carro de 2026 do time de Silverstone.

Além dele, também saíram Jonathan Wheatley, agora chefe de equipe da Sauber; Will Courtenay, chefe de estratégia; e Rob Marshall, diretor de engenharia - esses dois últimos foram para a McLaren. No ano passado, uma funcionária denunciou o chefe de equipe Christian Horner por conduta sexual imprópria e abalou ainda mais as estruturas da RBR.

- A crise na RBR envolve toda essa questão de vácuo de poder que a equipe teve, que envolveu principalmente o Christian Horner e o Helmut Marko (consultor). O Helmut Marko quase foi mandado embora da equipe no fim de 2023 e no início de 2024. (...) Essas saídas e várias outras que não ficaram tão famosas acabam desmontando um projeto de grande sucesso - disse, antes de concluir:

- A RBR era uma equipe que funcionava como um relógio suíço. Funcionava muito bem. Quando você desmonta essas peças-chave, essas peças-chave saem da estrutura, você acaba tendo problemas para continuar tocando a equipe. Então, perdeu-se o rumo de desenvolvimento do carro, outras coisas que funcionavam muito bem pararam de funcionar. (...) Até a questão de pit stop, a RBR ficou conhecida como a equipe do pit stop mais rápido e hoje em dia comete erros - acrescentou.

Para além das saídas e da instabilidade, a RBR também enfrenta um problema sério com o segundo carro da equipe. Sergio Pérez foi a solução por alguns anos, mas o desempenho do mexicano caiu de forma drástica quando a equipe começou a perder a hegemonia e ele foi demitido no fim de 2024.

Liam Lawson, promovido da RB, durou duas corridas na principal equipe da marca de energéticos e foi trocado por Yuki Tsunoda, também membro do time caçula e mais experiente. Nada mudou: com dificuldade, o japonês não pontua há quatro corridas - e a melhor posição pela RBR foi o oitavo lugar.

A situação no segundo carro da RBR é tão complicada que Lawson e Isack Hadjar, os dois pilotos da RB, pontuaram mais do que Tsunoda no time principal, mesmo com um carro teoricamente mais fraco. Hadjar soma 21 pontos, contra 12 de Lawson e dez de Tsunoda. E nem a equipe parece ter ideia do que fazer para mudar a situação:

- Vamos ver como podemos apoiá-lo (Tsunoda), mas há uma grande diferença entre os dois carros. E, claro, internamente, fazemos todas aquelas perguntas que, sem dúvida, vocês fazem em termos de: por quê? - disse o chefe de equipe Christian Horner.

Globo Esporte