Maior aposta para 2016, motor vira grande dor de cabeça para a Ferrari

(Foto: MOHAMMED AL-SHAIKH/AFP)


A Ferrari apostou em uma verdadeira revolução em sua unidade de potência para tentar pressionar a dominadora Mercedes nesta temporada. Porém, ainda que os italianos tenham conseguido se aproximar nas duas primeiras provas, os problemas com a novidade se tornaram a grande dor de cabeça para a equipe em 2016.

Apesar de evitar alarde, a equipe viu Kimi Raikkonen ficar pelo caminho no GP da Austrália e Sebastian Vettel sequer largar no Bahrein, ambos com quebras nos motores, que já tinham apresentado falhas na pré-temporada. Além disso, existe uma deficiência de potência que fica evidenciada na classificação, em que todas as equipes utilizam modos especiais para gerar melhor rendimento.

O chefe da Ferrari, Maurizio Arrivabene, nega veementemente que a equipe tenha um problema sério com o motor, salientando que os problemas que tiraram Vettel e Raikkonen das duas primeiras provas não têm relação um com o outro - o primeiro teria sido uma falha de turbo e o segundo, em um software.

O piloto finlandês, contudo, cobrou uma melhora. "Estamos na direção certa, mas obviamente não é ideal para a equipe ter apenas um carro terminando as corridas", observou Raikkonen. "Neste esporte, sempre levamos tudo ao limite e às vezes as coisas podem dar errado. Não é o que queremos, mas faz parte."

Vettel, por sua vez, reconheceu que a Ferrari ousou em seu projeto mas, ainda assim, ficou surpreso com a quebra no Bahrein. "Forçamos bastante na pré-temporada, e é fato que, há alguns meses, nossa situação era pior [em relação à Mercedes]. Mas tínhamos motivos para confiar que sabíamos qual era o problema [do motor, durante os testes], então foi uma surpresa - não só para mim, como para todo o time."

O que mudou
As mudanças em relação ao ano passado foram extensas: apenas um dos seis elementos que compõem a unidade de potência - a unidade de recuperação de energia calorífica, o MGU-H - permaneceu inalterado.

No mais, o intercooler foi dividido em duas partes, com a intenção de canalizar melhor a mistura ar/combustível durante a combustão e aumentar a potência do motor. Já o MGU-K (sistema de recuperação de energia cinética) mudou de lugar para possibilitar a adoção de uma caixa de câmbio menor, trazendo ganhos aerodinâmicos. Por fim, o novo reservatório de óleo está localizado mais perto do assoalho, melhorando o centro de gravidade.

Falta de potência
Além das quebras, a falta de potência no final das retas seria a grande fonte de preocupação em Maranello e estaria tirando até 0s5 por volta. O turbo não estaria acompanhando o crescimento de demanda do novo motor, prejudicando o uso de energia por parte do MGU-H (sistema que recupera energia calorífica do turbo e a transforma em elétrica). Assim, todo o sistema começa a se recarregar durante a reta, o que custa alguns cavalos para o motor, além de forçar demais o turbo e aumentar a chance de falhas.

A equipe já tentou solucionar a questão trocando a unidade de controle eletrônico para a etapa do Bahrein, porém será necessário alterar o projeto do turbo. Como fabricar um novo turbo demora cerca de 12 semanas, Sebastian Vettel e Kimi Raikkonen terão de esperar até pelo menos o GP da Espanha para terem um motor mais potente.

UOL Esporte

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