Com Felipão no banco, Palmeiras tenta vitória para arrancar na Série A do Brasileiro
O clube alvinegro vinha mal no torneio estadual, estava há 17 anos sem títulos expressivos e iria enfrentar o rival alviverde, com Leão, Luís Pereira, Dudu, Ademir da Guia e cia. A torcida corintiana sabia que a vitória era difícil, mas lotou as arquibancadas. A expectativa dos palmeirenses era de uma goleada em cima do arquirrival.
O jogo:
As suspeitas de baile alviverde se confirmaram quando César Lemos abriu o placar para o clube aos 27s de jogo, e ainda fez o segundo aos 8min. A goleada tomava forma e o Palmeiras gostava cada vez mais do jogo. Era o prenúncio de um duelo para ser esquecido pela torcida adversária. Era...
"A torcida corintiana estava até indo embora, mas resolveram voltar. No primeiro tempo, todos imaginaram que o Corinthians ia tomar uma goleada, o Palmeiras liquidou a gente, com 8min de jogo já estava 2 a 0...", contou, de forma exclusiva ao Terra o ex-volante Tião.
"O time deles era muito técnico. Quando eles fizeram o segundo gol, poderiam ter enfiado até cinco, seis na gente, mas eles preferiram ficar tocando a bola, dando passe para lá e para cá. Não imaginavam que a gente ainda pudesse virar...", acrescentou o ex-volante do time alvinegro, prevendo o que estava por vir na sequencia.
O segundo tempo:
A equipe corintiana voltou para o segundo tempo disposta a acabar com a festa alviverde. Com uma equipe tecnicamente inferior, restava ao time alvinegro jogar com muita raça e dedicação. E foi assim que Mirandinha marcou o primeiro gol, aos 5min.
"Quando fizemos 2 a 1, a torcida inflamou e o time também. O torcedor do Corinthians empurrou e a gente conseguiu empatar depois com o Adãozinho, o que incendiou o Morumbi. Aí, foi difícil segurar...", continuou Tião, lembrando do tento de empate aos 22min da etapa complementar.
A alegria do Corinthians durou pouco, já que Leivinha colocou o Palmeiras em vantagem no minuto seguinte. A emoção parecia não ter fim, e a partida se tornava imprópria para cardíacos. Principalmente quando o próprio Tião, logo na saída de bola do gol sofrido, driblou metade da equipe adversária e fez um dos mais belos tentos da história do clássico.
"O Leivinha fez o 3 a 2 para eles. Aí, o Armando Marques (árbitro) deu a saida, toquei a bola para o Natal, que me que devolveu, entrei com a bola, a defesa abriu, veio o Luis Pereira eu escorei ele, o Leão veio ameacei, cortei a defesa e empurrei para o gol. Depois, foi só correr para o abraço", lembrou o animado ex-jogador corintiano.
O duelo caminhava para um empate quando, aos 43min, aconteceu o improvável: Mirandinha, o autor do tento da virada, se tornou herói no coração dos corintianos. Terminava de forma inesperada um dos grandes Corinthians x Palmeiras de todos os tempos.
"O Corinthians vivia uma época em que perdia para os times pequenos, mas vencia os grandes. Cada clássico era como uma conquista de título. Aonde eu vou, até hoje falam desse jogo, palmeirense ou corintiano, falam de coisas que eu nem me lembro", disse Tião.
"Ficou na história pelas reviravoltas que aconteceram no placar. Os torcedores que tem hoje na faixa de 50, 60 anos, nunca vão se esquecer desse dia", finalizou, resumindo o sentimento indescritível dos 60 mil pagantes que foram ao Morumbi naquela tarde.
Confira a ficha técnica do duelo:
Corinthians 4 x 3 Palmeiras
Data: 25/04/1971
Competição: Campeonato Paulista
Estádio: Morumbi
Público: 60.445
Árbitro: Armando Marques
Corinthians: Ado; Zé Maria, Luís Carlos, Sadi e Pedrinho; Tião e Rivelino; Lindóia (Natal), Mirandinha, Samarone (Adãozinho) e Peri.
Palmeiras: Leão; Eurico, Baldocchi, Luís Pereira e Dé; Dudu e Ademir da Guia; Fedato, Hector Silva (Leivinha), César Lemos e Piu.
Gols: Corinthians - 2º tempo - Mirandinha aos 5min, Adãozinho aos 24, Tião aos 26 e Mirandinha aos 43.
Palmeiras - 1º tempo: César Lemos, aos 23 segudos e aos 8min; 2o tempo: Leivinha, aos 25min.
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