Dia dos campeões da São Silvestre tem treino e batuque africano

Campeões da 85ª edição da Corrida Internacional de São Silvestre, os quenianos James Kipsang e Pasalia Chepkorir recusaram o convite para celebrar o ano novo em uma casa noturna da capital paulista e passaram a virada em seus respectivos quartos no hotel que abriga os atletas de elite e seus treinadores.

Logo no primeiro dia do ano, Pasalia acordou cedo e encarou a manhã cinzenta de São Paulo para treinar ao redor do hotel. Em seguida, ela retornou ao quarto, trocou de roupa e desceu para tomar café da manhã. Ao lado da amiga Margarete Karie, cumprimentou a brasileira Maria Zeferina Baldaia na mesa ao lado e comeu tranquilamente.

Técnico e empresário do grupo de atletas africanos no Brasil, Moacir Marconi, o Coquinho, combinou de encontrar os estrangeiros às 12h no saguão do hotel. Com o compatriota Robert Cheruiyot, James Kipsang desceu perto do horário marcado para fazer uma visita ao Centro Cultural Africano.

Por sugestão da imprensa, os dois campeões apareceram munidos de seus respectivos troféus. Durante a espera no saguão do hotel, o grupo de africanos chamou a atenção dos hóspedes, que pediam para tirar fotos e demonstravam surpresa principalmente com o porte de Pasalia, de 1,42m e 37kg.

Em uma perua escolar alugada, o grupo de etíopes, tanzanianos e quenianos partiu para a sede do Centro Cultural Africano, inaugurada no último mês de novembro no bairro da Barra Funda. A comitiva formada por cerca de 15 atletas foi recebida pelos irmãos nigerianos Otunba Adekunle Aderonmu, presidente da entidade, e Lanre Aderonmu, vice-presidente.

"Nos últimos anos, vocês sempre competiam no Brasil, ganhavam e já partiam. A partir de agora, queremos recebê-los sempre. Queremos que vocês conheçam seus irmãos e irmãs no Brasil e sintam o calor africano", discursou Otunba Adekunle Aderonmu, em inglês.

Reunidos em círculo em torno do presidente do Centro Cultural Africano, os atletas aplaudiram depois de ouvirem o discurso atentamente. O primeiro andar da entidade abriga uma exposição com objetos de diversos países, entre eles um tambor que Pasalia usou para batucar.

Surpresos com a recepção, os próprios atletas registraram a passagem pelo local com seus celulares e máquinas fotográficas. No terceiro andar, antes de almoçar, cada competidor foi chamado pelo presidente da entidade e recebeu um presente sob aplausos, assim como o técnico e empresário Coquinho.

Depois de entregar a lembrança aos atletas, Otunba Adekunle Aderonmu perguntava se eles tinham algo dizer. A maioria recusou de forma encabulada, mas alguns resolveram falar, como o campeão James Kipsang. "Nunca vi nada assim. Estou muito feliz. Obrigado e que Deus abençoe a todos", disse.

Em seguida, a sede recém inaugurada ofereceu um almoço para o grupo que ainda contava com nomes como Robert Cheruiyot, dono de três títulos da São Silvestre, Derartu Tulu, campeã da prova paulistana e detentora de dois ouros olímpicos nos 10 mil metros, e Margarete Okayo, bicampeã da Maratona de Nova York.

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