Após jogar para "3 pessoas", Soares pede mais respeito da organização

















Bruno Soares (de costas) lamentou a falta de atenção que vem recebendo da organização do Brasil Open


Geralmente muito bem humorado em suas entrevistas pós-partidas, Bruno Soares estava mais sério ao entrar na sala de imprensa na noite desta quinta-feira, logo após avançar à semifinal da chave de duplas do Brasil Open. O mineiro, 19º colocado do ranking mundial da modalidade, pediu "um pouco mais de respeito" e se definiu "ligeiramente desapontado com a organização" do torneio após jogar diante de apenas "três" fãs reais no Ginásio Mauro Pinheiro.

O número não é exato e foi um "chute" do próprio Bruno Soares, que ao lado do austríaco Alexander Peya venceu os colombianos Juan Sebastián Cabal e Santiago Giraldo por 2 sets a 0, parciais de 6/4 e 6/2.

Já na primeira pergunta da entrevista, o brasileiro ouviu de um jornalista que havia 31 pessoas no ginásio. "E quantos desses não eram funcionários ou meus convidados? Uns três? É um chute", respondeu o jogador, tentando chegar a um número de fãs reais que assistiram à partida.

O principal motivo do pequeno público era o fato de o jogo ocorrer simultaneamente à estreia do espanhol Rafael Nadal em simples. O Ginásio do Ibirapuera, quadra principal do Brasil Open com capacidade para 9.300 pessoas, esteve praticamente lotado para acompanhar a vitória do número 5 do mundo sobre o brasileiro João Souza, o Feijão.

"Não me sinto ofuscado pelo Nadal. Não me sinto apagado não, me sinto até brilhando, estou na semifinal de mais um Brasil Open", disse Soares. "Acho que não tem como competir com o Nadal e nem quero. Só acho que merecemos um pouco mais de respeito. Tenho uma história bacana no Brasil Open. Acho que mereço um certo carinho, uma atenção por menor que seja, pelo que eu venho fazendo pelo tênis e não só eu, como o Marcelo (Melo) e outros brasileiros que estão nessa luta".

"Não é fácil fazer uma programação quando tem Nadal, televisão, mas sei que é possível e que dava para fazer melhor do que isso. Enfim, estou me sentindo bem, estamos jogando bem, só que ninguém viu porque não tinha ninguém lá", prosseguiu.

Indicado para jogar no ginásio secundário do torneio, Soares faria a princípio a segunda partida da Quadra 1, por volta das 13h30 (de Brasília). Porém, devido à manutenção da Quadra 2, que vinha sendo alvo de muitas críticas por parte dos tenistas e não recebeu nenhuma partida durante o dia, três partidas de simples acabaram reprogramadas para a Quadra 1. Como resultado, o duelo de duplas do brasileiro foi empurrado para encerrar a rodada do mesmo campo de jogo, ocorrendo em horário semelhante ao da estreia de Nadal.

No ano passado, quando venceu o Brasil Open ao lado do americano Eric Butorac, Soares chegou a jogar no Ginásio do Ibirapuera antes da final do torneio, o que não poderá acontecer em 2013. Nesta sexta-feira, o brasileiro e Peya retornam à Quadra 1 do Mauro Pinheiro para enfrentar o argentino Horacio Zeballos e o austríaco Oliver Marach, a partir das 15h.

"Amanhã (sexta) é mais uma pedreira. Vamos tentar pegar essa final para ver se jogo aqui", disse o mineiro, apontando com o dedo para trás, visto que a sala de imprensa está localizada no Ginásio do Ibirapuera. Atual bicampeão do Brasil Open – em 2011 havia triunfado junto ao compatriota Marcelo Melo –, Bruno Soares agregou que "de maneira alguma" faria uma solicitação para atuar na quadra principal.

​"Só acho que os jogos da central são (definidos) por algumas coisas: solicitação da televisão, merecimento, pessoa do País, e no meu humilde e positivo modo de ver as coisas, acho que hoje em dia eu mereço isso. Mas se não estou ali é provavelmente porque para alguém eu ainda não tenho de estar ali, então espero poder ganhar mais um jogo e acredito que a final será lá. Não vou ficar reclamando e brigando, e se a central não vier até mim eu vou até a central, é o jeito", completou.

A reportagem do Terra tentou entrar em contato com Roberto Burigo, gerente geral do Brasil Open, para comentar a programação do torneio, mas não teve sucesso. A assessoria de imprensa do evento informou que as emissoras de TV detentoras dos direitos de transmissão escolhem as partidas a serem exibidas no Ginásio do Ibirapuera e privilegiam os jogos de simples.

Terra

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