Estádio do Ajax quer ser exemplo para novas arenas brasileiras

Com capacidade para 52 mil torcedores, o estádio do Ajax é administrado pela Amsterdam Arena, empresa holandesa que está atuando como consultora dos projetos de diversos estádios brasileiros Foto: Marina Azaredo / Terra

Com capacidade para 52 mil torcedores, o estádio do Ajax é administrado pela Amsterdam Arena, empresa holandesa que está atuando como consultora dos projetos de diversos estádios brasileiros

Com a proximidade da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016, o interesse de empresas estrangeiras pelos estádios brasileiros é cada vez maior. É esse o caso da Arenas do Brasil, braço da Amsterdam Arena no País. A empresa atua desde 2005 ao lado das empreiteiras OAS e Odebrecht como consultora dos projetos de alguns estádios brasileiros, como a Arena Fonte Nova, em Salvador (BA), a Arena das Dunas, em Natal (RN) e a Arena do Grêmio, em Porto Alegre (RS), inaugurada em dezembro. O objetivo é transformar as os estádios brasileiros em empreendimentos rentáveis, assim como é o Amsterdam Arena, estádio do Ajax administrado pela empresa.

Com capacidade para 52 mil torcedores, o complexo esportivo localizado na capital holandesa já recebeu, além das partidas do Ajax, shows como Tina Turner, Rolling Stones, U2, Michael Jackson, Eminem, Celine Dion e Madonna, além de festas temáticas. É a maneira de fazer com que o estádio não fique ocioso em dias em que não há jogos ou fora da temporada dos campeonatos europeus e, assim, garantir a sua manutenção. No Brasil, o plano também é fazer estádios rentáveis. Na Arena das Dunas, por exemplo, que fica em Natal, onde não há times que atraiam um grande público para os estádios, a estretégia usada para garantir que o empreendimento não seja deficitário será outra: haverá escritórios junto ao complexo esportivo.

“Para entrar no Brasil, tivemos de nos ‘tropicalizar’ um pouco, já que nem tudo o que funciona na Holanda funciona no Brasil”, explica Sander van Stiphout, gerente-geral da Amsterdam Arena. “Ás vezes temos de nos desviar de nossos planos e nossos procedimentos habituais para conseguir resultados melhores”, justifica. Ele cita como exemplo a dificuldade de convencer dirigentes e autoridades de que a presença da Polícia Militar e dos Bombeiros não é necessária nos estádios. Com concorrentes como as empresas de Eike Batista, a Arena Amsterdam por enquanto está presente apenas no Brasil, mas já considera ampliar o negócios para o Marrocos e para o Catar - país onde acontecerá a Copa do Mundo de 2022.

A Arena do Grêmio, primeiro empreendimento que contou com a consultoria da Arena do Brasil, foi inaugurada no dia 8 de dezembro em clima de muita festa, mas ainda com as obras inacabadas. Apesar de muitos elogios, o estádio também recebeu críticas, principalmente dos jogadores e dirigentes do Hamburgo, clube alemão que se encarregou de enfrentar o Grêmio no jogo de abertura. Em sua edição online, o jornal Bild disse que o Hamburgo participou de um "jogo-caos no Brasil". Nas palavras do porta-voz do Hamburgo, Jörn Wolf, em alguns lugares parecia um "campo de areia". Segundo a notícia, o lateral-direito Diekmeier teria dito ao árbitro para encerrar a partida porque estava perigoso jogar futebol. No entanto, não se pode negar que o estádio, que teve um custo final de R$ 540 milhões, é um projeto inovador para os padrões brasileiros - principalmente quando estiver realmente finalizado.

Outro diferencial do Ajax é ter ações na bolsa de valores desde 1995, o que, segundo os próprios dirigentes, tem prós e contras: ao mesmo tempo em que o time conseguiu recursos para grandes investimentos, como a própria Amsterdam Arena, às vezes não é possível agir como um clube, porque é preciso seguir algumas regras desse mercado - muitas delas sigilosas.

Terra

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