Crise financeira pode provocar debandada no Fla

A saída de Marcelinho Paraíba nesta semana foi apenas uma prévia do que deve acontecer com o Flamengo nos próximos meses. Afundado em uma crise financeira de grandes proporções, o clube precisa fazer cortes no orçamento e diminuir o elenco - o que acontecerá em breve, para não aumentar ainda mais o rombo no cofre rubro-negro.

Um dos principais cortes a ser feito é na folha salarial do futebol, que tem de cair de R$ 4,9 milhões para cerca de R$ 3 milhões. A saída de Marcelinho Paraíba já ajudou muito. Seu ordenado na Gávea era em torno de R$ 160 mil. Com os salários de janeiro atrasados e os de fevereiro a vencer no próximo dia 25, os próprios jogadores já falam em saída.

Leonardo Moura e Juan, dois dos principais nomes do time nos últimos anos, devem receber propostas no meio do ano e a diretoria não irá fazer muito para segurá-los.

"O futebol mudou. Se alguém vier aqui e pagar a multa rescisória, não temos como segurar. E não é só aqui que isso acontece. Não descartamos a saída de ninguém", comentou Kléber Leite.

O próprio Leonardo Moura não tem negado nas entrevistas que seu futuro no Flamengo é incerto. Sondado recentemente pelo CSKA, de Moscou, onde trabalha o técnico Zico, Léo espera uma proposta do futebol europeu.

"A janela do meio do ano, quando vem, vem forte. Pela crise, muitos jogadores podem sair. Tenho mais dois anos de contrato, mas precisamos estar preparados para tudo, pois o clube necessita de caixa", disse o jogador.

Se no ano passado as principais perdas (Renato Augusto, Marcinho e Souza) tiveram reposição contratada, ainda que não no mesmo nível, ao longo da temporada, desta vez o clube não irá mexer no bolso para reforçar o time.

O técnico Cuca sabe disso e tem procurado dentro de casa soluções de certos problemas. Na verdade, o treinador já trabalha de cobertor curto no clube. Com a contusão de Ronaldo Angelim e a suspensão de Fábio Luciano, teve que fazer a estreia do jovem zagueiro Welinton às pressas. Ontem, Cuca mostrou-se resignado quanto às futuras saídas de jogadores.

"Não sei se é um processo natural, mas talvez seja um processo necessário. A gente tem que se acoplar a ele", comentou, negando que tenha indicado jogadores para a diretoria demitir.

"Não indico nomes para sair. Isso é um problema da diretoria do Flamengo. Sou profissional e procuro sempre fazer o melhor pelo clube. Trabalho da melhor maneira possível".

Por outro lado, o treinador não se mostrou preocupado com a saída de Marcelinho Paraíba. O jogador treinava entre os reservas desde a eliminação para o Resende.

"O Marcelinho Paraíba é um excelente jogador. Era um jogador que fazia parte do elenco, mas por circunstâncias aconteceu isso. A fila anda. Sempre foi muito profissional e correto aqui. Desejamos boa sorte e que seja feliz em outro lugar. Mas não posso reclamar. Tem circunstâncias em que não podemos fazer nada".

Título encheria cofres

Alguns jogadores têm contrato encerrando no meio do ano. O empréstimo de Ibson, por exemplo, termina quatro dias depois da final da Copa do Brasil. Além dele, Jônatas e Josiel não devem ficar no time a partir do segundo semestre.

Os dirigentes ainda trabalham com a esperança de fazer dinheiro com uma boa campanha na Copa do Brasil. Caso seja campeão, o Flamengo embolsará R$ 3,26 milhões, soma das cotas de participação relativas à transmissão televisiva dos jogos de cada equipe.

Vale lembrar que a Libertadores, competição que o Flamengo disputou nos dois últimos anos e para a qual não se classificou este ano por ter terminado o Brasileiro na quinta posição, premia seu vencedor com cerca de US$ 6,5 milhões (R$ 16 milhões), entre prêmios e cotas de TV, sem contar com a bilheteria e o aumento de popularidade e venda de produtos.

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