Maratonista perdeu 28 parentes, tem 'novo país' e pede dinheiro por Rio-16

(Foto: AFP)














Guor Marial é um sobrevivente e um exemplo. O maratonista que perdeu 28 parentes na guerra, incluindo oito irmãos, é o principal atleta do Sudão do Sul, conseguiu disputar a última edição das Olimpíadas e tenta ser o símbolo de esperança para seu país. País que, até o início deste mês, sequer era membro do Comitê Olímpico Internacional. Mas Marial quer mais: ele sonha em correr nos Jogos do Rio, em 2016.

O maratonista competiu em Londres-2012 sob a bandeira do COI, já que o Sudão do Sul, cuja independência foi conquistada em 2011, ainda não havia sido reconhecido pelo comitê. Na oportunidade, ele se recusou a defender o Sudão e o governo que causou tantas mortes, inclusive na sua família. "Não vou desonrar milhões de pessoas que morreram por nossa liberdade", argumentou ele em 2012.

O cenário mudou. Marial, que fugiu da guerra ainda criança e conseguiu chegar aos Estados Unidos, agora pode defender a bandeira do seu país e representar os milhões de desabrigados. O maratonista 
tenta transformar toda a tristeza pelas milhares de mortes em combustível para suas corridas.

"Crescer na guerra era perigoso e difícil. Você sobrevivia um dia, mas no dia seguinte não sabia o que ia acontecer. Muitas gerações não puderam ter uma infância normal por culpa da guerra. Agora, como filho do Sudão do Sul, sinto que devo usar minhas habilidades como atleta para ajudar a levar paz ao meu país", resumiu ele, hoje com 31 anos.

O principal objetivo de Guor Marial no momento é se garantir nas Olimpíadas do Rio, em 2016. Ele recorreu ao financiamento popular para juntar o dinheiro necessário para treinar em alto nível e levar consigo alguns jovens talentos do Sudão do Sul. Seu projeto, contudo, recebeu até o momento apenas US$ 4 mil dos US$ 25 mil almejados.

Mesmo assim, Marial está treinando no Quênia com alguns dos melhores maratonistas do mundo. Se ele ainda não consegue financiar jovens atletas de seu país, ao menos simboliza a esperança de que existe vida longe da guerra no Sudão do Sul.

UOL Esporte

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