A amarelinha já fez os outros tremerem mais, diz Mano a Zagallo

Técnico da Seleção Brasileira, Mano Menezes anunciou os finalistas do prêmio Craque do Brasileirão. Foto: Fernando Borges/Especial para Terra

Treinador vê necessidades na estrutura do futebol brasileiro

Mano Menezes defendeu mais planejamento, organização e estruturação às Seleções Brasileiras, do Sub-15 ao time adulto, para voltar a ser um dos protagonistas do futebol mundial. Palestrante do Footecon, congresso de futebol realizado no Rio de Janeiro, o treinador da Seleção explicou mais detalhes do que vem tentando fazer desde que assumiu seu cargo atual. Mano disse a Zagallo, na plateia, que "a amarelinha já fez os outros tremerem mais". A Oscar Tabárez, da seleção do Uruguai, disse que "os sul-americanos trabalham sérios e organizados. O Brasil precisa fazer o mesmo".

Tentando ser o mais polido possível, Mano disse ter atacado quatro pontos vitais em cerca de cinco meses à frente da Seleção Brasileira: diminuir a idade média do elenco, jogar de acordo com o desejo popular, reestruturar o departamento de futebol da CBF e aproximar o time principal das seleções de base. "Só vamos ter apoio se o torcedor ver o que ele quer ver", afirmou Mano. Nessa linha de raciocínio, o treinador elegeu o Barcelona e a seleção alemã da última Copa do Mundo como as maiores referências para sua equipe. "Assumimos o compromisso de reencontrar esse estilo", acrescentou. Ele ainda citou as seleções de 1970 e 1982 como modelos que agradaram os fãs do futebol no País.

Grande parte da palestra de Mano, que durou cerca de uma hora, foi em cima de renovação e estruturação das seleções de base. Ele disse ver uma mudança de postura dos clubes na cessão de jogadores para à Seleção, especialmente na categoria Sub-20, onde quase todos já foram profissionalizados. "Essa categoria vive uma nova realidade. Não tem nada de base", observou. Para ele, as equipes devem entender que é importante ter seus atletas envolvidos em um projeto de Mundial Sub-20 e especialmente Jogos Olímpicos, principal alvo da CBF ao lado da Copa do Mundo de 2014.

Nesse contexto de nova linha de raciocínio para as seleções de base, Mano defendeu a importância de um coordenador como Ney Franco, que acumula o comando da equipe Sub-20 com a coordenação de todos os times de base da CBF. "Utilizamos os jogadores de forma cada vez mais precoce, por realidade de mercado e necessidade. Por isso, temos que escolher bem os profissionais da formação", justificou. Embora clame por um futebol vistoso, o treinador negou que vá definir parâmetros táticos para todas as categorias. "Não precisamos utilizar o mesmo sistema, só uma linha de quatro jogadores atrás. À frente, depende do que você tem à disposição", argumentou.

Em relação a discussões sobre parte tática do futebol, Mano fez outra defesa. Pediu que haja mais encontros entre os treinadores, especialmente das Séries A e B, para falar mais sobre sistemas de jogo e nomenclaturas. "É importante você falar uma coisa na Seleção e os jogadores entenderem. Em Portugal, você diz uma coisa e os jogadores entendem. Você fala o que é um triângulo de base baixa (um volante e dois meias) e um trângulo de base alta (dois volantes e um meia). Não conversamos, não nos reunimos e não aproveitamos a experiência dos mais velhos. Eu nunca conversei com o Zagallo, é um absurdo. Ele é um dos mais vitoriosos e temos que sentar para ouvi-lo".

Outro ponto abordado pelo treinador da Seleção foi a visita periódica a jogos pelo Brasil e pelo mundo, além de encontros com outros técnicos. Na última semana, por exemplo, ele e Muricy se reuniram. "É importante conversar com esses profissionais, saber detalhes táticos, problemas que o jogador enfrenta dentro do clube", comentou. Mano mostrou ainda um banco de dados pessoal em que tem todos os detalhes necessários sobre os jogadores com os quais trabalha na Seleção. "Depois de ser convocado pela primeira vez, o atleta entra nesse trabalho".

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