Di Maria, Falcão e... Pereira! Brasileiro de 18 anos é aposta do Manchester
















Andreas Pereira, brasileiro de 18 anos que atua no Manchester, em ação pela base do clube

Louis Van Gaaal assumiu o Manchester United com um orçamento quase ilimitado e recheou seu estrelado elenco com astros do porte de Di Maria e Falcão. Para a mídia inglesa, um brasileiro de 18 anos pode, em breve, ser coadjuvante dessa constelação. Nascido na Bélgica e formado no futebol holandês, Andreas Pereira treina há duas semanas com o time principal e pode, em breve, confirmar seu status de promessa no clube.

Andreas nasceu em Duffel, na Bélgica, viveu no país até os 9 anos de idade e passou parte da adolescência jogando no PSV, da Holanda. Em 2012, depois de um ano de namoro, ele foi contratado para terminar sua formação no poderoso Manchester United, onde adquiriu o status de promessa.

O pai do jovem belga é Marcos Pereira, um paranaense que nos anos 1990 construiu uma longa carreira no país europeu e por lá formou família. Andreas já foi chamado por Gallo para um torneio amistoso da seleção sub-20 e fala em defender o Brasil no futuro, mas no momento está mais preocupado com o que acontece em Manchester.

Ele e as estrelas
Há duas semanas, ele foi chamado para uma conversa com Louis Van Gaaal, que o promoveu do time sub-21 para o elenco profissional. Desde então ele convive diariamente com os recém-contratados Di Maria e Falcão Garcia, além dos veteranos Wayne Rooney e Robin Van Persie.

"Fui muito bem recebido. Os jogadores falam comigo, me dão dicas, me ajudam com tudo. Converso mais com o Rafael, o Anderson, o Di Maria. Com todos que falam espanhol ou português", disse Andreas, em entrevista por telefone ao UOL Esporte.

O inglês, após dois anos de Inglaterra, ainda não é perfeito. Por isso, ele fala holandês com a comissão técnica de Louis Van Gaal. Hoje, ele é parte importante de uma das missões do técnico no comando do Manchester United.

Na última terça, o jornal Daily Mail comparou Andreas ao francês Paul Pogba, um dos ícones da Juventus, eleito o melhor jogador jovem da Copa do Mundo. Formado no Manchester, ele foi para a Itália de graça ao recusar um novo contrato. Para evitar isso, Van Gaal precisa estar atento aos jovens valores da base, cobra a imprensa.

"A classe de 92 [geração de pratas da casa que formou Beckham, Giggs e Scholes, entre outros] era a guardiã da cultura do clube. É importante que um clube como o Manchester United tenha guardiães e você precisa de uma boa educação para os jovens", disse o treinador ao jornal inglês.

Andreas tem compromisso até o meio do ano que vem e, sem uma renovação, poderá assinar um pré-contrato com qualquer outro clube a partir de janeiro. Ele diz que ninguém iniciou uma negociação, mas todos esperam que isso aconteça à medida que ele mostre serviço no time principal – no último fim de semana, ele foi para o banco de reservas pela primeira vez, contra o QPR.

Empresariado por Jonathan Barnett, mesmo agente de Bale, do Real Madrid, ele diz que quer ficar no Manchester United. Como um veterano, porém, ele diz que segue aberto a outras propostas caso a negociação com o atual clube não avance. 

Os desafios do Manchester
Van Gaal tem fama de não gostar de brasileiros, criada a partir de um atrito com Rivaldo no Barcelona, no começo dos anos 2000. Os brasileiros que jogam no Manchester, por sua vez, nunca fizeram muito sucesso no clube. Andreas sabe de tudo isso, e aposta que sua formação diferenciada pode lhe render um futuro diferente nos dois aspectos.

"Todo mundo fala sobre isso [brasileiros que se deram mal], mas minha base foi na Holanda, e agora o treinador também é holandês. Dei muita sorte e ele gosta que eu seja formado lá", disse Andreas, referindo-se ao período em que jogou no PSV. Embora se derreta em elogios para o Brasil, ele destaca as diferenças que isso produz.

"Eu nunca joguei no Brasil, só com a seleção na China. Mas no Brasil é mais técnico, tem mais ginga. É diferente, especial, superior. O futebol daqui é muita estratégia. No Brasil você gosta mais de um drible. Você gosta mais de tática, é bem diferente", disse Andreas.

Brasil e a seleção
A distância não impede que ele mantenha laços com o Brasil. Andreas diz que vem ao país pelo menos uma vez por ano para visitar seus familiares. Seu português, diga-se, é muito bom para quem nunca morou regularmente por aqui.

Andreas já defendeu a Bélgica em categorias menores e mantém contato constante com a federação do país, mas desde o ano passado estreitou relações com a CBF. Em junho, foi convocado por Gallo para jogar a Panda Cup (torneio amistoso na China) pela seleção sub-20, só que entrou poucas vezes em campo.

"Fiquei muito feliz que fui para lá. Lá não cheguei a jogar muitos minutos e fiquei um pouquinho chateado. Agora estou bem no Manchester. Tomara que eles saibam e que eu possa mostrar o que sei jogar", disse Andreas, ainda à espera de uma nova chamada. As listas que saíram sem seu nome desde então, diz ele, não o fizeram mudar de opinião sobre jogar ou não pelo Brasil.

"Claro que você fica decepcionado, pensa que ia ganhar outra chance. Ao mesmo tempo, sei que estão me seguindo. Se eu jogar bem aqui, por um dos melhores do mundo, não tem como não me chamarem", diz ele, sem fechar as portas para a Bélgica. "Você nunca sabe o dia de amanhã. Meu sonho é jogar pelo Brasil. Se o Brasil não me convocar nunca mais e não demonstrar que tem confiança em mim, pode ser", completa Andreas. 

UOL Esporte

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