Seleção feminina não tem a confiança nem da CBB para jogar Mundial














Na Olimpíada de Londres, Brasil ficou apenas com a nona colocação

O conceito básico para se formar uma seleção brasileira é reunir num só time as melhores jogadoras do país, no melhor da forma física e técnica, com um lastro de experiência em competições internacionais. Qualidades que podem fazer o Brasil disputar um Campeonato Mundial de qualquer modalidade com condições de ir longe e, quem sabe, até disputar um título.

Mas para a CBB (Confederação Brasileira de Basquete) são essas características que faltam à seleção brasileira feminina adulto de basquete que disputa, a partir deste sábado, 27, o Mundial, na Turquia. A equipe nacional entra com um time formado por nove estreantes em Mundial, entre 12 convocadas. A armadora Adrianinha, a ala-pivô Damiris e a pivô Érika são as veteranas do elenco. 

Às que participam de uma competição desta envergadura pela primeira vez faltam "experiência internacional e preparo físico e técnico para acompanhar o treinamento que já integram a equipe principal". É o que oficializou à Secretaria Nacional de Esporte de Alto Rendimento do Ministério do Esporte, em Brasília, a CBB. A justificativa foi utilizado para pedir uma verba de R$ 5.092.960,32 em forma de convênio com a pasta. O documento está disponível na internet e pode ser acessado via Portal da Transparência do governo federal. Nele, a CBB é categórica em afirmar: "Que a falta de experiência internacional deixe de ser uma das principais carências demonstradas pelas jogadoras que ingressam na equipe pela primeira vez. (...) Que a falta de preparo físico e técnico das novas jogadoras deixe de ser limitantes ao desenvolvimento completo da equipe nacional".

O ministério concordou com o argumento e liberou a verba. A última parcela foi depositada na conta da CBB em junho, no valor de R$ 2.618.973,32. O dinheiro foi utilizado para disputar amistosos na Europa e bancar as passagens e hospedagens da delegação brasileira na Turquia durante o Mundial. Nesta campanha de preparação, o Brasil disputou oito amistosos, perdeu sete. Um pouco antes, havia conquistado o título sul-americano, atuando contra seleções de pouca expressão no cenário mundial.

A demanda ao ministério é de setembro de 2012, pouco mais de um mês após o fiasco da seleção feminina nos Jogos de Londres, quando terminou na 9ª colocação, segunda pior performance em seis participações olímpicas - a mais inexpressiva ocorrera em Pequim-2008, com a 11ª posição. Dois anos se passaram desde o pedido da CBB, mas a carência permanece.

"Não penso em dar medalhas, mas sim deixar uma geração pronta. O que mais preciso é que nossas meninas tenham experiência internacional. Este Mundial será um indicativo para saber onde poderemos chegar. É o primeiro grande teste para sabermos do nosso potencial. Ainda não conseguimos ter uma avaliação precisa deste time", previu Luiz Augusto Zanon, treinador da seleção, ao UOL Esporte, quando perguntado sobre a argumentação do documento. "Se jogarmos no máximo de nossa capacidade, poderemos disputar seis ou sete jogos. Mas pode também bater aquele nervosismo no time, perder os três primeiros jogos e ser eliminado", avaliou o treinador.

Para efeito de comparação de postura e mentalidade, a seleção da Sérvia, que disputa um Mundial pela primeira vez em sua história, conta com oito atletas com 25 anos ou menos, mesma quantidade que o elenco do Brasil. Mas a ideia por lá lembra muito pouco a que é pregada por aqui.

"Temos jogadoras novas e nosso time é bem forte. Essas meninas estão adquirindo experiência internacional", afirmou em entrevista coletiva Ana Jokovic, vice-presidente da federação de basquete da Sérvia. A equipe está no Grupo D, ao lado da super favorita seleção dos Estados Unidos, além de China e Angola.

O que põe cores ainda mais fortes no atual quadro do basquete feminino nacional é o fato de se celebrar agora, em 2014, os 20 anos do inédito título Mundial, na Austrália, com uma geração de atletas incríveis como Magic Paula, Hortência, Janeth e Marta. Aquele time vencedor também era recheado de novatas, como Alessandra, Cintia Tuiú, Helen, e tinha 22 anos de média de idade, três a menos que a média desta seleção, que entra em quadra sem a mesma confiança de 20 anos atrás.

No Mundial da Turquia, a seleção, bronze no continental do ano passado, no México, está no Grupo A e mandará seus jogos em Ancara, capital turca, contra o Japão, atual campeão asiático, a Espanha, campeã europeia, e República Tcheca, atual vice-campeã mundial e adversária na estreia. Os três primeiros avançam de fase.

UOL Esporte

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