Finlandeses invadem o vôlei e mostram como unir bebedeira e educação















Uma maré finlandesa invadiu a cidade de Katowice, na Polônia, uma das sedes do Mundial masculino de vôlei. E os torcedores do país estão chamando a atenção por mesclar gritos, festa e muita cerveja com bons modos admiráveis.

Não só no ginásio, mas em vários outros cantos da cidade, o que mais se vê é uma infinidade de pessoas de azul e branco. Calcula-se que entre 2.000 e 3.000 pessoas tenham saído da Finlândia rumo à Polônia para acompanhar as partidas. Camisas, bonés, chapelões, bandeiras, óculos, chapéu viking, tem de tudo. O que não falta é barulho. A cada saque da equipe finlandesa ou do rival, gritos mesclados com músicas. Os pontos quase sempre parece com gols. Crianças, idosos, homens, mulheres. Gente de todas as idades.

O barulho chega a surpreender os próprios atletas, que admitem que não esperavam tamanha empolgação. Afinal, a Finlândia tem uma história bastante modesta na modalidade. "Não chega a ser novidade o tanto de torcedores que têm, pois sabíamos que eles viriam em grande número. Mas confesso que não esperava todo esse barulho não. Eles de fato estão sendo o nosso sétimo jogador", falou o camisa 3 Mikko Esko, um dos mais entusiasmados.

A cada intervalo de set os finlandeses formam longas filas no quiosque que vende cerveja no ginásio de Katowice. A bebida os acompanha também antes e depois dos jogos e em cada restaurante da cidade. Mas em nenhum momento os "suomis" (como são conhecidos no país) demonstram falta de educação. Pelo contrário, o time rival é tratado quase como se fosse sua seleção em algumas situações.

Durante a execução do hino nacional do adversário, os torcedores finlandeses se levantam e ficam quietos em sinal de respeito. Depois, dão uma longa salva de palmas. Os jogadores rivais ainda ganham aplausos quando são apresentados pelo locutor do ginásio.

Nenhuma vaia ou xingamento aos adversários é proferida quando estes pontuam, ganham um set ou qualquer outra ocasião. "Podemos até tomar nossas boas cervejas, mas essa é a nossa cultura de torcer no nosso país. Esporte é assim", falou o torcedor Yakko Mniena, de 32 anos.

E o apoio dos finlandeses tem sido fundamental na surpreendente campanha do país no Mundial. O maior exemplo aconteceu na partida diante de Cuba. O time europeu perdia por 2 a 0 e conseguiu uma virada quando o jovem time cubano, com média de menos de 22 anos de idade, passou a ser pressionado. "Sem eles nos incentivando não sei se nós conseguiríamos virar o jogo. Acho que eles sentiram um pouco", comentou Esko.

As explicações para tantos finlandeses ainda não são tão claras. Entre os vários torcedores questionados, a maioria diz que está lá porque há 32 anos seu país não disputa um Mundial de vôlei.

 "O voleibol está crescendo muito no país e estamos tendo muitos bons resultados. Isso tem animado muito as pessoas. Hoje é o terceiro esporte, junto com basquete. Só perde para o futebol e para o hóquei", disse a jornalista finlandesa Anne Rask, do jornal LL Taleht.

A seleção brasileira será a próxima adversária da Finlândia, na sexta-feira. Com um grupo experiente e tarimbado, será surpresa se o Brasil se intimidar com a torcida contra como ocorreu com os cubanos. O que pode atrapalhar é só o barulho. O jogo define o primeiro colocado do Grupo B, já que as duas seleções venceram os seus dois jogos até aqui.

"Já estamos acostumados com isso (torcida vibrante), não vai interferir não. A Finlândia é que é um time perigoso, mas que conhecemos já de observar em outras competições", falou o líbero brasileiro Felipe.

UOL Esporte

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