Ministério Público apresenta denúncia contra contratação de Parreira pelo governo de Minas

Parreira (dir.) conversa com Felipão durante amistoso da seleção brasleira

Parreira (dir.) conversa com Felipão durante amistoso da seleção brasleira

A Promotoria de Defesa do Patrimônio Público de Minas Gerais apresentou denúncia contra servidores do Executivo estadual por causa da contratação, em abril de 2012, pelo governo mineiro, do ex-treinador Carlos Alberto Parreira, coordenador técnico da seleção brasileira.

Os seis promotores que assinam a ação civil pública alegam ter havido improbidade administrativa e violação ao princípio administrativo por causa da contratação de Parreira e da empresa Alfa Consultoria, sem licitação, sob a justificativa de "notória especialização".

Parreira foi contratado por R$ 1,2 milhão para ser uma espécie de embaixador de Minas Gerais na Copa do Mundo de 2014. Sua missão era divulgar Minas de forma a atrair os olhares do mundo e das seleções para o Estado.

Além disso, ele deveria prestar consultoria aos oito municípios mineiros que se candidataram para ser centro de treinamento na Copa, e, assim, receber algumas seleções estrangeiras.

Contudo, Parreira ficou apenas sete meses na função. Ele deixou o cargo para assumir a coordenação técnica da seleção juntamente com a chegada na CBF do treinador Luiz Felipe Scolari, há um ano.

Washington Alves/Reuters

Em 29 de novembro de 2012, ele rescindiu o contrato de forma amigável com o governo, após receber R$ 279 mil.

A ação apresentada à Justiça questiona a rescisão amigável, que não pediu a devolução dos recursos pagos ao ex-treinador, já que ele deixou o contrato por cumprir.

Os promotores questionam até mesmo os relatórios apresentados por Parreira.

A Promotoria alega que a contratação foi desnecessária e ilegal, além de contrariar o interesse público. O oferecimento da denúncia é contra seis pessoas, entre elas Parreira, o ex-secretario da Copa (Secopa), Sérgio Barroso, e o atual, Tiago Lacerda.

O Ministério Público pediu também o bloqueio dos bens das seis pessoas citadas. A juíza Lilian Maciel Santos, da 2ª Vara da Fazenda Pública Estadual, mandou notificar os envolvidos, inclusive a Advocacia Geral do Estado.

OUTRO LADO

Em nota enviada à Folha, o governo de Minas informou que não foi notificado e que por isso "não tem conhecimento sobre o completo teor dos questionamentos".

"Entretanto, assegura, desde já, que todos os trâmites da contratação e rescisão do contrato firmado pela Secretaria de Estado Extraordinária da Copa do Mundo com o ex-técnico da seleção brasileira de futebol, Carlos Alberto Parreira, obedeceram rigorosamente as normais legais", conclui a nota.

Por meio da assessoria da CBF, o ex-treinador Carlos Alberto Parreira disse que não tem o que comentar porque a contratação foi feita pelo governo de Minas e levou em consideração o conhecimento e os contatos dele no meio futebolístico. Por isso, segundo Parreira, o governo mineiro é que deve comentar.

Folha de S.Paulo

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