Aos 46 anos, jamaicano faz vaquinha e supera problemas "abaixo de zero"

Winston Watts em competição pela Jamaica em 2010 Foto: Getty Images

Winston Watts em competição pela Jamaica em 2010

As Olimpíadas de Inverno nunca mais foram as mesmas desde que a Jamaica disputou o bobsled na edição de Calgary (Canadá), em 1988. Por isso, toda vez que a equipe confirma presença na competição, a festa é garantida. Em 2014, a equipe caribenha marca novamente presença, graças à classificação nas duplas masculinas, na qual o destaque é o veterano Winston Watts, 46 anos.

Watts disputou as Olimpíadas de Inverno de 1994, 1998 e 2002, sem resultados expressivos. Aposentado das competições, ele voltou às atividades a tempo de disputar os Jogos Olímpicos pela quarta vez. Para isso, porém, teve que superar a falta de verbas para poder embarcar rumo à Rússia.

“Temos um grande problema de fundos. A Federação Jamaicana de Bobsled não tinha dinheiro para começar a temporada, então saí da aposentadoria e usei meu próprio dinheiro para isso. Precisamos comprar lâminas na qualificação, e elas são um pouco caras. Não tinha mais dinheiro para isso, então resolvi apelar aos amigos”, contou Watts nos primeiros treinos da modalidade em Krasnaya Polyana.

O que aconteceu na Jamaica é uma prática que começa a se tornar conhecida no Brasil: o crowdfunding, no qual fãs doam dinheiro para que entidades possam arcar com compromissos. No caso do bobled, eram necessários cerca de US$ 80 mil, embora a iniciativa já tenha supera esse valor, acumulando mais de US$ 120 mil antes da Olimpíada.

Não que o dinheiro no bolso tenha resolvido os problemas jamaicanos. Antes de chegar à Rússia, o time teve sua bagagem extraviada nos Estados Unidos, onde treina, o que atrapalhou a rotina de treinos – a equipe nem sequer fez suas descidas nesta quarta-feira. Assim, o frio russo (que é de cerca de 10º C na área urbana de Sochi, mas chega a temperaturas negativas nas regiões montanhosas) é o menor dos problemas para Watts.

“ O frio é fácil para adaptar. Quando você está aqui no frio, você usa camadas e mais camadas de roupas. As únicas coisas que estarão frias serão seus dedos das mãos e dos pés. Quando você chega aos trópicos, no calor, o que você faz? Tira camadas de roupas”, brincou.

Evidentemente, a fama do time jamaicano de bobsled cresceu exponencialmente diante do filme Jamaica abaixo de zero, de 1993, que retrata a aventura do time de 1988 no Canadá. Fã de cinema, Watts – que até mesmo compareceu à última edição do Festival de Sundance (EUA) para promover a Olimpíada de Sochi – diz assistir à obra repetidamente.

“Sou fã do filme. Eu ainda assisto o filme como se fosse a primeira vez. É muito inspirador às vezes”, comentou ele, satisfeito com o carinho do público com os atletas de seus país. “Somos os caras mais amados e carinhosos. Você tem que ir para a Jamaica para saber. Jamaicanos apreciam todos no mundo. Não importa quem você é, de onde vem.”

Amizade com o Brasil

Vem de 2002 a amizade entre os times de Brasil e Jamaica no bobsled. Na época, Cristiano Paes, atual técnico brasileiro, era atleta do quarteto que contava com Edson Bindilatti, Matheus Inocêncio e Eric Maleson. Do time, apenas Bindilatti segue competindo em Sochi.

“Edson Bindilatti é um cara legal, um bom amigo. Os times do Brasil e da Jamaica são muito proximos. O técnico do Brasil, Cristiano, é um cara muito proximo. Quando ele competia para o Brasil, éramos muito proximos”, comentou o simpático Winston, que interrompeu uma coletiva de Bindilatti para dar um abraço no amigo.

Terra

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