Em guerra com a Renault, Red Bull considera deixar a Fórmula 1

Há pouco mais de um ano e meio, a Red Bull, com Sebastian Vettel, vencia a nona prova seguida e conquistava com folga o quarto título mundial seguido. Hoje, o time está em guerra com sua fornecedora de motores, a Renault, e ameaça deixar a Fórmula 1.

De lá para cá, a categoria passou por uma extensa mudança de regulamentos, na qual o motor – hoje unidade de potência, composta pelo turbo e as fontes de energia recuperadas – ganhou importância e a aerodinâmica ficou em segundo plano. E era esse o grande trunfo da Red Bull, que contava com o melhor projetista da atualidade, Adrian Newey.

Para piorar, a unidade de potência fornecida pela Renault deixa a desejar desde a primeira vez que foi à pista, nos testes de pré-temporada de 2014. Sem confiabilidade e até 60cv menos potente que os Mercedes, o motor foi considerado o calcanhar-de-Aquiles da Red Bull ano passado. Porém, com um bom carro, a equipe conseguiu ser vice-campeã.

O cenário, contudo, piorou em 2015: a evolução prometida pela Renault não veio, a Ferrari melhorou consideravelmente e os tetracampeões se viram andando atrás não apenas de Mercedes e sua cliente Williams, mas também de Ferrari e Sauber. O novo motor tem sérios problemas de dirigibilidade e continua não sendo confiável.

A equipe não esconde seu descontentamento com os franceses. "Vai demorar para que a Renault entre na briga. Talvez o ano inteiro", reclamou Newey, cujo envolvimento com o carro deste ano é menor. O consultor da Red Bull, Helmut Marko, por sua vez, garantiu que "o trabalho foi redistribuído e todos os testes serão feitos em Graz [na Áustria]. A Renault fica falando maravilhas sobre os testes em Paris, mas eles nunca aparecem na pista. Isso tem de mudar."

Marko aproveitou para deixar claro seu descontentamento com o caminho da atual Fórmula 1. "Essas unidades de potência são a solução errada para a Fórmula 1, e diria isso mesmo se a Renault fosse a melhor. As regras técnicas não são compreensíveis, é tudo muito complicado e caro. Somos governados pelos engenheiros. E queremos redução de gastos, mas não é isso que está acontecendo."

O descontentamento é tanto que o chefe da Red Bull, Christian Horner, reconheceu que a empresa austríaca vai reavaliar seu investimento na Fórmula 1 – calcula-se que o investimento total nos 10 anos do time na categoria supere 1,2 bi de dólares. "Vamos avaliar a situação novamente no verão [europeu], como acontece todo ano, olhar os ganhos e gastos. Se não ficarmos satisfeitos poderíamos contemplar uma saída. O perigo é se Mateschitz [dono da empresa] perder sua paixão pela F-1", admitiu.

UOL Esporte

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