Barça já sente perda do astro solidário. Tem moral e não reclama do banco

(Foto: MARTIN BUREAU/AFP)














Brigado com o treinador Luis Enrique, Neymar chega ao treino do Barcelona e lá é aguardado por Xavi. O meio-campista agora acostumado com a reserva dá o recado ao brasileiro para que peça desculpas ao elenco pela ira com substituições e ainda o aconselha a conversar com o técnico. A cena se passou em meados de abril e serve para mostrar a liderança do jogador espanhol fora de campo. Ele anuncia a despedida do Barça na quinta-feira e o clube já sofre com a decisão.

Xavi tem 17 anos de Barcelona e é querido por dirigentes, funcionários jogadores e torcedores. Uma reposição à altura é considerada impossível, e por isso o trabalho no clube foi intenso para a renovação contratual por ao menos mais uma temporada. Não deu certo.

"As pessoas não fazem ideia do que representa o Xavi. Olham para dentro de campo e só. A maneira como se comunica com os atletas, o bom exemplo em treinamentos, o conhecimento tático e experiência. Não posso dizer que há igual. Quero que fique", disse Luis Enrique pouco após as primeiras informações de transferência para o Al Sadd, do Qatar, ao fim da temporada.

Com a saída de Puyol no ano passado, Xavi virou o maior símbolo do Barcelona. Catalão, engajado na política do clube e do estado e formado em La Masia (base do Barça), reúne predicados que nenhum outro jogador tem.

"Se acabaram os elogios para o Xavi. Eu não encontro na realidade um novo elogio para explicar o que ele representa como jogador e pessoa. Sua forma de conduzir as coisas está por cima de qualquer palavra. É uma honra ter dividido a carreira com ele", disse o fiel escudeiro Iniesta.

Xavi tem 764 partidas e impressionantes 23 títulos conquistados, sendo oito espanhóis e três Liga dos Campeões. Só que nesta temporada, ele se habitou em ser reserva do time. Nada que o fizesse reclamar.

O meio-campista fez 20 jogos como titular e tem 21 partidas vindo do banco. Só que jamais reclamou disso. A função que exerce, articular e cadenciar, não é realizada por ninguém no setor em que joga. O substituto nos jogos decisivos, o croata, Rakitic tem outras características, como a de penetração na área e arremates de longa distância.

Também por isso o Barcelona ainda tentou convencer Xavi a se transferir para o Qatar ao fim da punição da Fifa que impede o clube de contratação - termina dia 31 de dezembro. A possibilidade foi ventilada pelo jogador com a família, mas a decisão final foi a de já deixar o clube ao fim da temporada. 

"O Xavi não tem sequer uma passagem de indisciplina no clube, o que o diferencia de outro catalão considerado líder o como o Piqué. Ele tem moral para falar com qualquer um no clube, sendo muito respeitado. É uma perda de referência. Alguém que contorna momentos de crise com relacionamento e faz falta em momentos cruciais", opinou Joan Poqui, reporer do jornal catalão Mundo Deportivo.

O Barcelona programa festa para Xavi no domingo diante do Deportivo La Coruña na última rodada do Campeonato Espanhol. Após isso, o jogador tem com fechar com chave de ouro o ciclo no Barcelona com, assim como em 2009, a conquista da Tríplice Coroa – Barça está nas finais da Copa do Rei e da Liga dos Campeões.

UOL Esporte

Comentários