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| (Foto: Augusto César Gomes) |
O mercado ilegal de apostas no Brasil pode ser maior do que o regulamentado, de acordo com um estudo divulgado na manhã desta quinta-feira pelo IBJR (Instituto Brasileiro de Jogo Responsável) – associação que reúne algumas das maiores operadoras do país – e a LCA Consultores.
Estima-se que as bets piratas, que não atendem aos critérios determinados pelo Ministério da Fazenda, movimentem entre R$ 26 bilhões e R$ 40 bilhões por ano, enquanto a receita das empresas regulamentadas é calculada em R$ 38 bilhões anuais – um mercado que, somado, pode chegar a R$ 78 bilhões.
Os dados se baseiam numa pesquisa do Instituto Locomotiva que colheu informações entre abril e maio de 2.000 pessoas que fizeram apostas esportivas em cassinos on-line neste ano.
O levantamento mostra que 61% dos pesquisados fizeram apostas em plataformas ilegais – seja pelo uso consciente dessas operadoras ou por admitirem práticas vedadas às bets regulamentadas, como pagamento com cartão de crédito ou cadastro sem reconhecimento facial. A pesquisa mostrou que a maior parte desses apostadores é formada por jovens de 18 a 29 anos (69%) e com renda familiar de até dois salários mínimos (63%).
Nesses termos, o estudo aponta que o país deixa de arrecadar até R$ 10,8 bilhões em impostos.
Para o esporte, esse mercado pirata representa um risco por estimular a manipulação de resultados.
Dados da Ibia (Associação Internacional de Integridade nas Apostas) e da Sportradar, que faz monitoramento de padrões de apostas, indicam a preferência dos fraudadores pelas operadoras informais.
Em 2023 e 2024, a Ibia, que colhe seus dados a partir de empresas regulamentadas, reportou 184 e 251 alertas de manipulação, respectivamente. A Sportradar, que além do mercado legal, também monitora o ilegal, relatou números bem mais altos.
Segundo a empresa, em 2023 foram 1.329 casos suspeitos, enquanto no ano seguinte foram 1.108.
– A gente não combate a manipulação de resultados sem canalizar o mercado ilegal para o legal. Esse movimento é importante para manter a integridade no ambiente esportivo – afirmou o secretário nacional de apostas esportivas do Ministério dos Esportes, Giovanni Rocco.
No Brasil, que regulamentou as bets em janeiro, as empresas devem reportar à SPA (Secretaria de Prêmio e Apostas) do Ministério da Fazenda todos os casos suspeitos – sob risco de pagamento de multas e de perda da autorização para funcionar. Uma obrigação que foge das bets piratas.
Em 2023, o país liderou o ranking de casos suspeitos, de acordo com a Sportradar, com 109 alertas.
O caso do atacante Bruno Henrique, do Flamengo, teve início a partir do relato de uma das casas, que apontou um número incomum de apostas num cartão amarelo tomado pelo atleta em jogo contra o Santos em 2023.
Em abril, o flamenguista foi indiciado pela Polícia Federal após uma longa investigação que incluiu a apreensão de telefones celulares – onde foram encontradas conversas entre o atleta, seu irmão e outros suspeitos que sugerem que ele tomou o cartão amarelo com o conhecimento de que os demais usariam a informação para fazer apostas.
Recentemente, o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) do Ministério Público do Rio Grande do Sul deflagrou uma operação que tinha o atacante Ênio, do Juventude, como alvo.
Ele é suspeito de tomar dois cartões amarelos no atual Brasileiro para beneficiar apostadores, como o ge revelou em abril a partir de dados das operadoras.
Globo Esporte
