Acordo com Maracanã gera renúncia e troca de farpas na política do Flu

Maracanã reabrirá para os clubes neste domingo, no clássico entre Fluminense e Vasco

Maracanã reabrirá para os clubes neste domingo, no clássico entre Fluminense e Vasco

A assinatura do vínculo do Fluminense com o Complexo Maracanã Entretenimento S/A deixou o torcedor tricolor ansioso para retornar ao maior palco do futebol carioca. Ao mesmo tempo, também gerou trocas de farpas na política interna tricolor, culminando com o pedido de renúncia do vice-presidente de planejamento estratégico José Ademar Arrais. Alguns conselheiros criticaram o presidente Peter Siemsen por não ter debatido o contrato com outros poderes do clube, informação negada pelo mandatário.

O acordo pelo uso do Maracanã por 35 anos não precisaria ser debatido no Conselho Deliberativo, segundo o Estatuto do Fluminense, mas a decisão de expor seu conteúdo apenas ao Conselho Diretor (formado pelos vice-presidentes) não agradou até mesmo alguns aliados do mandatário tricolor. A medida foi a gota d’água na relação já desgastada entre a base do presidente e o grupo ‘Ideal Tricolor’, que deverá lançar candidato próprio no próximo pleito, no final deste ano.


“Gostaria de deixar claro que não estou saindo brigado com ninguém pessoalmente, mas sim por divergências com o atual modelo de gestão, sobre o qual, apesar de vir tentando exaustivamente há tempos, não consegui ter qualquer espécie de influência/contribuição relevante face à excessiva, distorcida e excludente concentração do poder decisório do clube”, disse José Ademar Arrais na carta pública em que renunciou ao cargo de vice-presidente de planejamento estratégico.

As críticas sobre a centralização das decisões foram rebatidas pelo presidente Peter Siemsen. Ele disse que intercedeu junto ao Conselho Deliberativo para aprovar a nomeação de Arrais na pasta, vetada na primeira votação, e destacou que o ex-vice de planejamento estratégico não se manifestou durante as reuniões com os demais vices sobre o modelo do contrato com o Maracanã.

“Durante a negociação, demos conhecimento ao Conselho Diretor, ouvindo opiniões diversas de cada passo do processo. O Sr. Arrais esteve presente em todas as reuniões e foi um dos poucos vices que não expressou opinião. Ainda houve um segundo momento em que ele teve conhecimento do exato teor do contrato, em reunião com o Ideal Tricolor, na qual o presidente compareceu”, disse Peter Siemsen através da assessoria de imprensa do clube.

As negociações com o consórcio foram lideradas pelo presidente, além do diretor executivo geral do clube, Jackson Vasconcelos, e do gerente de Arenas do tricolor, Carlos Eduardo Moura. O trio tentou manter ao máximo o sigilo de alguns pontos do contrato para que cláusulas de confidencialidade não fossem divulgadas pela imprensa antes da assinatura.

Pelo acordo, o Fluminense não gastará nada para usar o Maracanã e ganhará toda a renda dos 43 mil lugares a que terá direito no estádio. Com essa receita, o clube só terá de pagar impostos, arbitragem e taxas da federação. Mas não poderá explorar comercialmente os demais assentos, camarotes, restaurantes e estacionamento, que ficam com o consórcio.


Siemsen também declarou ter ficado surpreso com o pedido de renúncia de Arrais, mas criticou a condução do ex-vice presidente na pasta. Citou como exemplo um ciclo de palestras no clube no início de 2012 e disse que Arrais não demonstrou iniciativa na pasta.

“Na ocasião foram apresentadas diversas sugestões para organização do clube e o vice-presidente não só não apresentou nenhum relatório, como não apresentou nenhuma recomendação sobre as sugestões que foram feitas. No passo seguinte, o presidente solicitou, ouvindo o departamento de Esportes Olímpicos, que ele apresentasse sugestões para a reorganização da área. Oferecemos todo apoio para a realização e não ouve iniciativa. Esta aí a comprovação de que não há centralização. Ele renunciou depois de muito tempo no cargo e sem dizer a que veio”, declarou por meio de sua assessoria.

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