Conheça o fundo que negocia os naming rights do estádio do Corinthians


Detalhe das arquibancadas do Itaquerão. Estádio foi entregue oficialmente ao Corinthians nesta terça-feira (15/04) ainda em obras

A negociação dos naming rights do Itaquerão tem se mostrado longa: desde o início, em 2012, foram várias conversas, viagens de representantes do Corinthians aos Emirados Árabes Unidos e visitas dos árabes ao Brasil. Para tentar um acordo com uma das duas principais interessadas – as companhias aéreas Emirates e Ettihad – o clube tem como parceiro o fundo Parador Capital, sediado em Abu Dhabi.

Diretor do Parador e envolvido nas negociações com o Corinthians, o marroquino Amine Bouchentouf falou ao UOL Esporte sobre o funcionamento do fundo.

"O Parador Capital é um fundo de investimentos baseado em Abu Dhabi, formado por executivos dos Emirados Árabes e marroquinos. Funciona como um assessor de investimentos das famílias reais árabes, mas só em negócios acima de US$ 100 milhões", explicou.

O fundo tem ligação com as várias famílias reais que movimentam milhões em negócios multinacionais no oriente. As lideranças dos países árabes são quase todas famílias reais – Marrocos, Emirados Árabes, Qatar, Árabia Saudita – todas elas ligadas entre si, em um networking muito fechado.

O próprio executivo que participa das conversas com o Corinthians tem relação muito próxima com a família real marroquina: seu irmão, Khalid Bouchentouf, é casado com a princesa do Marrocos, Lalla Asma. A família real marroquina, por sua vez, tem diversas ligações e negócios com a dos Emirados Árabes.

A negociação dos naming rights do Itaquerão não é a única atividade do Parador no Brasil – o fundo investe nas áreas de infraestrutura, turismo e esporte. Foi em uma viagem ao Brasil que os representantes do fundo foram procurados por dirigentes do Corinthians, em 2012, para a apresentação do projeto que visa batizar a arena corintiana.

Ainda no mesmo ano, cartolas corintianos se reuniram com a cúpula do fundo em Dubai, dias antes do início da disputa do Mundial de Clubes no Japão, e as negociações começaram a avançar. Foi assinado um memorandum of understanding (documento que funciona como uma carta de intenções). Em 2013, diretores do fundo visitaram o estádio três vezes.

As duas companhias aéreas estão de fato interessadas no direito de dar o nome ao estádio que receberá a abertura da Copa do Mundo. Acordos de confidencialidade entre as partes, porém, impedem que mais detalhes das negociações sejam divulgados. Neste momento, a Emirates está na frente, por já operar comercialmente no país. A Ettihad, por sua vez, tem interesse em entrar no setor de carga. Existem, porém, outras propriedades comerciais relativas ao estádio, além do nome, sendo negociadas.

Apesar de as negociações terem começado já há algum tempo, ainda não há como prever um prazo para um desfecho. A cultura árabe é de paciência nas negociações, até pelos valores envolvidos. Além disso, os árabes visitarão o local durante a Copa do Mundo, e poderão conferir a nova casa corintiana em primeira mão.

"Sobre o timeline eu não tenho como falar, mas teremos oportunidade de ver o estádio durante a Copa. Uma delegação árabe estará no Brasil, para assistir ao torneio e também estudar outras oportunidades", disse Bouchentouf.

Em reais, a pedida do Corinthians é de cerca de R$ 400 milhões por um período de 15 anos. Em dólares, o valor pedido aos árabes é de US$ 200 milhões.

UOL Esporte

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