Basquete feminino sai do Pan sem medalhas e com futuro complicado à frente

(Foto: Harry How/AFP)
















Não foi o mesmo desastre das semifinais contra o Canadá, mas os erros continuaram pesando para a seleção feminina de basquete, que perdeu de Cuba por 66 a 62 e ficou sem a medalha de bronze. Além da ausência no pódio, a passagem das jogadoras pelo Pan de Toronto ainda deixa o futuro da equipe em xeque, com a participação nas Olimpíadas do Rio seriamente ameaçada.

Foi um desempenho bem melhor que o do último domingo, quando o Canadá atropelou a seleção verde-amarela com um 91 a 63. Cuba, que fez jogo duro com os EUA na outra semifinal, esteve longe de dominar a partida, como se poderia imaginar. Só que não foi o suficiente para o Brasil ser ao menos medalha de bronze.

O quinteto inicial com Tainá, Jaqueline, Karina, Isabela e Kelly começou o jogo repetindo velhos erros, como a defesa frouxa e as constantes bandejas mal feitas. Mesmo assim, chegou a abrir vantagem de sete pontos no segundo quarto, quando ameaçou abrir no placar. Cuba reagiu com a pivô Noblet inspirada. Cestinha do primeiro tempo, ela superou a própria má forma física, bateu a experiente Kelly e fez Cuba terminar o segundo período com 23 a 16.

Contra a parede, o Brasil só reagiria sob a influência de Gilmara, que saiu do banco, reuniu as companheiras após uma falta para Cuba e liderou a reação. A seleção cresceu de produção e encostou no marcador, alternando a liderança com Cuba no terceiro quarto. Não foi o suficiente. No último quarto, o Brasil demorou a engrenar, viu a armadora Casanova fazer um estrago e repetiu os velhos erros. Pressa na definição de jogadas, arremessos desequilibrados e muitos turnovers (foram 17 ao longo do jogo) acabaram decidindo o jogo para Cuba, apesar de uma disputa bem apertada nos segundos finais. 

A derrota na disputa do bronze deixou o Brasil sem medalha pela primeira vez desde o Pan de 1999, em Winnipeg, também no Canadá. Desde então, a seleção havia conquistado bronzes em 2003 e 2011 e uma prata em 2007. Mais que a ausência no pódio, o desempenho em Toronto ligou o sinal vermelho para 2016. O Brasil teria vaga assegurada nos Jogos do Rio não fosse a pendência financeira com a Fiba (Federação Internacional de Basquete). A CBB (Confederação Brasileira de Basquete) deve cerca de US$ 800 mil à entidade e ainda não resolveu a situação. Se continuar em débito, o país terá de disputar a vaga na quadra.

Os dois caminhos preocupam. Nos bastidores, falta grana à entidade brasileira, que tem um déficit anual de R$ 6 milhões a R$ 7 milhões. Os cartolas fizeram uma nova proposta de pagamento parcelado à Fiba, que quer o dinheiro à vista e decidirá sobre o assunto em uma reunião no começo de agosto.

O martelo será batido dias antes do início do pré-olímpico das Américas, que será disputado a partir de 9 de agosto em Edmonton, também no Canadá. Nesta disputa, o Brasil só garantiria vaga nos Jogos se fosse à final. Se falhar, a equipe só terá uma segunda chance na repescagem mundial caso fica na terceira ou na quarta colocação.

Pelo que se viu no Pan, porém, a missão será difícil. É claro que a seleção que foi a Toronto não é a ideal, já que não conta com as atletas da WNBA. Para o pré-olímpico das Américas, Damiris, Clarissa, Clarissa, Nádia e Érika devem se apresentar, além da ala Tatiane Pacheco, que se recupera de lesão, e Iziane, que pode ter nova chance após seguidos casos de indisciplina. 

"A equipe precisa de mais jogos amistosos. Não adianta fazer uma cobrança maior na equipe assim. Precisamos mais de rodagem (...) a equipe vai seguir crescendo. Valeu a experiência. A gente perdeu do Canadá e vai se encontrar de novo daqui 15 dias. Não vejo a hora de jogar contra elas de novo. Foi uma das maiores lições que tive", afirmou a experiente pivô Kelly após a partida. 

UOL Esporte

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