Entenda a polêmica sobre o pedido de "arrego" por trás da confusão no Gre-Nal

(Foto: Wesley Santos/Agência PressDigital)

Coube a um ex-dirigente do Grêmio falar abertamente sobre o que ficou nas entrelinhas das entrevistas de Renato Gaúcho e do presidente Romildo Bolzan Júnior após a confusão registrada no Gre-Nal 417, neste domingo, no Beira-Rio. Odorico Roman, ex-vice de futebol do Tricolor até o início da temporada, afirmou que profissionais do Inter pediram aos jogadores do Grêmio para diminuir o tom das provocações após as vitórias recentes do lado Tricolor.

Neste domingo, os gremistas não gostaram das provocações dos rivais após a vitória do Inter por 1 a 0 no Gre-Nal. A confusão iniciou ainda dentro de campo e se estendeu no túnel de acesso aos vestiários. Até o técnico Renato Gaúcho tentou ir ao espaço reservado aos colorados após o jogo e foi impedido por seguranças (veja o vídeo). O capitão Maicon, que sequer jogou o clássico, esbravejou aos rivais no meio do tumulto: "Depois não vem pedir arrego".

Segundo a versão dos gremistas, o pedido de trégua dos colorados teria ocorrido no mesmo Beira-Rio, após a vitória do Grêmio por 2 a 1, no clássico entre as duas equipes pela primeira fase do Gauchão, no dia 11 de março. Nas redes sociais, torcedores compartilham uma foto do encontro entre jogadores dos dois grupos. A imagem mostra Maicon, Geromel e Marcelo Grohe reunidos com D'Alessandro, Rodrigo Moledo, Marcelo Lomba e Roger, que já deixou o Inter.

– Para quem não entendeu a fala do Renato: profissionais do Inter pediram para o Grêmio não humilhá-los, quando estavam caindo pelas tabelas, no Gauchão. Só digo isso – escreveu Odorico em seu perfil no Twitter.

Em sua entrevista após a partida, Renato preferiu não revelar os fatos que culminaram na confusão. Mas deixou claro que vêm de um dos enfrentamentos no Beira-Rio, durante o Gauchão. Segundo o treinador gremista, o Inter "não tem moral para tirar onda" do Grêmio.

– Em primeiro lugar, o Grêmio é grande, sabe ganhar e sabe perder. Hoje foi um Gre-Nal disputado, em que o Grêmio poderia ter saído com a vitória daqui. Mas tem gente que nao sabe ganhar. E aí querem tirar uma onda. E onda com o Grêmio ninguém vai tirar. Estamos calados há cinco, seis meses, desde o Campeonato Gaúcho. Vocês (imprensa) não sabem. Os jogadores do Inter sabem do que estamos falando – esbravejou.

O presidente gremista, Romildo Bolzan, assumiu os microfones logo após a manifestação de Renato e usou a expressão "ética no vestiário" para evitar falar abertamente sobre o assunto, mas reconheceu que houve um fato anterior e disse que o Grêmio foi desrespeitado.

– O que aconteceu fica por conta daquele momento. Se alguém quiser dizer entre quem participou... – declarou o mandatário. – O que o Renato fez, e fez com muita razão, e que eu reitero, observando a ética dos jogadores. Aqui se pediu respeito e não vale a pena lembrar o episódio de cinco meses atrás. Ninguém é dedo-duro para relatar uma situação que aconteceu nos vestiários, na intimidade. Mas os jogadores sabem. Fica de alerta para que não se repita o que aconteceu hoje – completou.

Colorados negam pacto

No lado do Inter, jogadores, dirigentes e comissão técnica negaram qualquer pedido de trégua aos gremistas. O vice de futebol, Roberto Melo, ressaltou que os colorados ouviram calados as provocações do rival nos últimos anos e criticou a tentativa de invasão do vestiário do Inter pelo treinador do Grêmio.

– O Renato é um cara vencedor, vitorioso como atleta. Lamento que isso coloca uma pressão maior nas torcidas, um ambiente tão complicado. Um país que um candidato a presidente sofre atentado. Ele invadiu nosso vestiário. Não lembro de no 3 a 0 ele tentar ir ao vestiário conversar com alguém. Não lembro disso. É totalmente inadequado. É lamentável mesmo. Uma equipe que disputa a liderança, está na Libertadores. Não sabe perder, não sabe porque ganha – disparou.

Na zona mista após a partida, Rodrigo Dourado e Edenílson também disseram desconhecer qualquer pacto ou encontro com os jogadores do Grêmio. O capitão foi além. Dourado elevou o tom do discurso ao criticar uma suposta "soberba" do lado gremista e dizer que que quem "manda" no Sul é o Inter.

– Eu não sei de onde tiraram isso. Não estou sabendo de nada, só perguntando para o Renato e para a diretoria pra eles explicarem. Nós não sabemos de nada – afirmou Dourado.

Versões à parte, é certo que o clima de tensão no Gre-Nal se iniciou bem antes do clássico 417. As provocações de lado a lado se intensificaram há cerca de dois anos, com a dança da valsa de Eduardo Sasha pelos 15 anos sem títulos de expressão do Grêmio, e acumulam desdobramentos como o canto de "um minuto de silêncio" dos gremistas após o Tri da Libertadores, até eclodirem no túnel do Beira-Rio. Resta ver se terão continuidade nos próximos clássicos.

Globo Esporte

Comentários