Marco Aurélio: Juvenal deu risada e vetou Rivaldo há seis meses

Rivaldo é a aposta de Juvenal para ocupar a posição de meia no time, carente já há alguns anos. Foto: Ricardo Matsukawa/Terra

Há seis meses, Juvenal vetou contratação de Rivaldo

Na apresentação realizada na última sexta-feira, em Cotia, Juvenal Juvêncio fez questão de posar ao lado de Rivaldo, lhe entregar a camisa do São Paulo e ainda definí-lo como um jogador de reputação mundial e "com o perfil do clube". Há seis meses, contudo, Juvenal foi quem vetou a contratação do reforço, alinhavada por Marco Aurélio Cunha, então superintendente de futebol, e por Marcelo Veridiano, ex-jogador são-paulino e que atualmente trabalha com atletas.

"O presidente não quis a contratação e deu risada. Saí do clube justamente por isso: não fazia mais parte das decisões e não era ouvido", conta em entrevista exclusiva ao Terra o ex-superintendente Marco Aurélio Cunha, que pediu demissão no início deste ano após mais de oito temporadas no São Paulo.

Antes de acertar recentemente com o São Paulo, Rivaldo já havia conversado ao menos duas vezes com o clube. A primeira, em 2009, não foi muito adiante por falta de acerto nos salários. Em 2010, durante a parada da Copa do Mundo, Marcelo Veridiano, que reside na Grécia e tinha proximidade ao jogador, acertou todos os detalhes da transferência. Mas ela esbarrou na desaprovação de Ricardo Gomes, então treinador, e principalmente do presidente Juvenal Juvêncio.

"Conheço o padrinho do Rivaldo, que é pastor e se chama Cléber. Ele nos colocou de frente. O Marco Aurélio fez contato e ele (Rivaldo) já queria muito jogar no São Paulo. O Felipão também queria no Palmeiras naquele momento, mas ele gostava do São Paulo. O filho dele é fã do Rogério Ceni. Depois de negociarmos, chegou a informação de que o Juvenal e o Ricardo não tinham interesse", explica ao Terra Marcelo Veridiano, que guardou mágoas do episódio.

"Agora fiquei muito chateado. Eu trabalhei no São Paulo, cresci ali dentro e conheço toda essa diretoria. Ficou chato porque tentamos o negócio e não aconteceu. Por que depois de seis meses tudo mudou? No ano passado, o Rivaldo foi vetado por causa da idade (38 anos), mas acho que ele pode jogar mais dois anos tranquilamente", acrescenta Marcelo.

Apesar de intermediar o negócio que não se concretizou, ele não recebeu pelo trabalho. As conversas chegaram a ser bastante adiantadas, segundo Marcelo. "O Rivaldo disse que quebrava o contrato no Uzbequistão quando quisesse (tinha salários atrasados). Ele chegou até a falar com o advogado dele", recorda. Marcelo Veridiano lamenta o atraso da direção do São Paulo.

"Acredito que o Rivaldo seria muito útil, era um jogador que acreditamos que o São Paulo precisava para amadurecer os garotos, como o Marlos e o Diogo", cita Marcelo. "Conheço todo o histórico e ele só foi contratado agora por que há uma carência de ídolos muito grandes. O nome era o Alex, mas o Fenerbahce ainda tem contrato e não liberou", acrescenta Marco Aurélio.

O episódio da recente contratação de Rivaldo também chateou Marco, que não vê mais o São Paulo na vanguarda como em outros tempos. "Antes nós éramos pioneiros, agora copiamos os outros", reclama, citando Ronaldo e Roberto Carlos no Corinthians e Ronaldinho, no Flamengo, como outros exemplos. "Ele estava aqui em Mogi e a gente esperou seis meses para ir atrás".

Marcelo Veridiano, que negociou com Rivaldo, foi jogador do São Paulo por três anos na década de 80 e ficou famoso por um gol marcado contra o Palmeiras ao chapelar o zagueiro Nenê e finalizar diante de Zetti, no Pacaembu. Ele fez sucesso em seguida no futebol grego, onde defendeu o Skoda Xanthi por seis temporadas e o AEK por outras duas.

A fim de ouvir a versão de Juvenal Juvêncio, a reportagem do Terra entrou em contato com a assessoria de imprensa do São Paulo neste sábado. Ciente do teor da matéria, a assessoria não emitiu nenhum pronunciamento.

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