Paixão move torcida de Argentina e Chile no Rally Dakar

 . Foto: Emanuel Colombari/Terra

Vladimir Chagin buzina com seu caminhão e ganha aceno de policiais na rota; público fez festa com pilotos

Ao longo de boa parte das 13 etapas do Rally Dakar 2011, era uma cena comum: bastava que um piloto de Argentina ou Chile passasse pela torcida, para que fosse saudado com ânimo. E graças aos bons resultados de pilotos como o argentino Alejandro Patronelli (campeão da categoria quadriciclos) e o chileno Francisco "Chaleco" Lopez (quarto na categoria motos), os anfitriões do rali tiveram muito o que comemorar.

Torcida e competidores estiveram em sintonia durante as etapas da competição. "É muito bonito", descreve Marcos Patronelli, campeão dos quadriciclos em 2010 e irmão de Alejandro, fazendo elogios aos compatriotas e ao próprio desempenho familiar. "Os quadriciclos estrearam em 2009, e os Patronelli sempre foram bem. Somos figuras representantes do quadriciclo, e estamos felizes por isso", completou.

Na Argentina, o bom desempenho dos quadriciclos atraiu competidores do país (eram 16 argentinos dentre os 33 inscritos nos "quads"). Não por acaso, a imprensa do país dava grande destaque para a categoria - e pouco para os caminhões. Em Mendoza, por exemplo, o jornal Los Andes exaltou o local Sebastián Halpern, segundo colocado da etapa entre Copiapó (Chile) e Chilecito (Argentina). "Halpern não triunfou por apenas 8 segundos", destacava a publicação no dia 13.

No dia seguinte, o Uno, também de Mendoza, fez elogios ao filho ilustre da província. "Halpern ganhou a etapa e é segundo", manchetou o periódico após a vitória do "Colorado" (apelido do quadriciclista mendozino) na etapa entre Chilecito e San Juan. No fim, Halpern acabou com o vice-campeonato, atrás de Alejandro Patronelli.

André Azevedo, que pilotava o caminhão da equipe Petrobras, vê o que chamou de "exemplo argentino". "Depois de dez anos que eu estava no Dakar é que apareceu um argentino competindo. Depois o rali veio para cá, tinha poucos argentinos, mas hoje acredito que a nação argentina teve 109 participantes, com mais de 60 veículos. É uma enorme motivação para quem gosta desse esporte", explica o piloto, obrigado a abandonar o Dakar 2011 na sexta etapa, com uma quebra entre Iquique e Arica (Chile).

A festa da torcida, porém, não era restrita aos pilotos da Argentina e do Brasil. Ao passar pelo chamado Ponto de Hospitalidade na corrida entre Chilecito e San Juan, o russo Vladimir Chagin soou alto a buzina de seu caminhão Kamaz - ganhou acenos e aplausos do público. E segundo Maikel Justo, também da equipe Petrobras, a festa da torcida com os participantes é sempre grande, independente da nacionalidade.

"Acho que (competir) perto do público é diferente. Como para os argentinos aqui, todo mundo torce para eles - torce para a gente também", disse Maikel, esperando recepção igualmente calorosa caso se confirme a mudança da rota do Rally Dakar em 2012, incluindo a largada no Rio de Janeiro. "Aqui (na Argentina), o pessoal gosta muito dessa parte de rali. A gente vê que eles são apaixonados mesmo pelo rali. Eu já não sei se no Brasil isso vai acontecer - não dessa grandeza que é aqui na Argentina. Sei que lá o pessoal também gosta", completou.

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