No Pan de Toronto, bandeiras são proibidas. Podem distrair os atletas

(Foto: Satiro Sodre/SSPress)





















Uma bandeira tremulando nas arquibancadas pode distrair um atleta dentro de campo ou de quadra? Se você acha que sim, a organização dos Jogos Pan-Americanos de Toronto concorda com você. Bandeiras de países que não participam do evento estão barradas das arenas esportivas. Tudo para manter a atenção dentro das quatro linhas.

"Toronto 2015 incentiva os expectadores a torcerem pelos atletas competindo pelos 41 países que formam os Jogos Pan-Americanos. Outras bandeiras podem se tornar uma distração da competição em si", diz o comunicado enviado pelos canadenses.

A medida restritiva vai contra a própria imagem que os canadenses querem criar para seu Pan. Toronto é o maior centro de imigrantes do Canadá. Metade dos 2,8 milhões de moradores do local nasceu em outros países. São filipinos, indonésios, indianos, chineses, portugueses, etc. Nenhum deles poderá levar, ao estádio, bandeiras dos lugares em que nasceram.

O próprio time canadense é cheio de imigrantes. Dos 917 atletas do time da casa, 96 nasceram fora do país. E essa conta não considera os filhos de imigrantes. A restrição foi criticada pela imprensa canadense.

O Toronto Star, principal jornal da cidade e claramente pró-Pan, ressaltou o esforço feito por Allen Vansen, vice-presidente executivo de Operações do Comitê Organizador do Pan, para justificar as restrições: "Os organizadores usaram a frase 'procedimento padrão' três vezes em menos de 30 segundos para explicar a política de restrição de bandeiras nas arenas esportivas", ironizou o jornal.

A frase em questão do dirigente seguiu a mesma linha do comunicado oficial: "Não queremos os atletas desconcentrados. Queremos que eles vejam as cores de seu país nas arquibancadas, é claro, e a torcida apoiando durante a competição. Então, é basicamente um procedimento padrão que estamos adotando para todo o período dos Jogos", disse o dirigente.

Apesar da aparente rigidez canadense, na prática as coisas não funcionam exatamente como as regras ditam. Os brasileiros sabem bem disso. No primeiro dia do polo aquático, cerca de dez atletas do polo e da vela vieram ao Markhan Aquatic Centre para torcer pelo time masculino de polo, contra o Canadá.

Barulhentos, eles entraram nas arquibancadas com vários artigos vetados para o público comum. Enquanto os torcedores não podiam entrar com nenhum instrumento que possa causar distúrbios, entre eles apitos ou cornetas, os atletas contavam com tamborins e outros instrumentos musicais. Além disso, a bandeira do Brasil levada excedia os limites do torcedor comum (2m x 1m).

O comitê disse que, se a segurança perceber a presença de artigos proibidos, sua entrada será vetada nas arenas. Os brasileiros, porém, não foram advertidos sobre os problemas.

UOL Esporte

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