Itaú pede ética na gestão da CBF; outros parceiros calam-se sobre crise

Ao contrário do que ocorreu na Fifa, a maioria dos patrocinadores da CBF decidiu se calar sobre o escândalo de corrupção que atinge a diretoria da entidade. O único a se manifestar de forma mais direta foi o banco Itaú: disse apoiar investigações no esporte, e pediu uma governança com ética dentro da CBF. Até agora só a Procter & Gamble rompeu com a entidade pelas irregularidades constatadas.

O Departamento de Justiça dos EUA pediu a prisão dos três últimos presidentes da confederação, Ricardo Teixeira, José Maria Marin e Marco Polo Del Nero, por levarem propina em contratos da entidade. Todos estão afastados e há um presidente licenciado em exercício, Marcus Vicente.

Os patrocínios representaram R$ 359 milhões para a CBF em 2014, cerca de 70% da sua rendas total. O blog questionou as empresas parceiras da entidade sobre os últimos acontecimentos e se tomariam alguma atitude. Boa parte delas é signatária do pacto pelo esporte que prevê normas de governança e transparência nas entidades.

O Itaú afirmou: “Apoiamos as investigações em prol da transparência e da ética na gestão do esporte, no mundo e no Brasil. É fundamental que a CBF adote modelo de governança que demonstre o seu compromisso com esses alicerces, conforme já sinalizamos à Confederação em oportunidades anteriores.''

Mais, o banco reafirmou seu compromisso com pacto pelo esporte, dizendo que trata-se de um novo marco e que só as entidades esportivas que o seguirem receberão verbas. O Itaú, no entanto, reafirmou que pretende se manter patrocinador do futebol brasileiro que apoia há 25 anos.

Questionando sobre o comunicado do Itaú, o secretário-geral da CBF; Walter Feldman, afirmou: “Fizemos reunião com todos os patrocinadores: eles sabem que estamos neste caminho de ética e transparência.''

Outras cinco empresas, Vivo, Samsung, Ambev, BRF (Sadia) e Gol, não quiseram comentar ou deram respostas genéricas que não tratavam das acusações de corrupção a dirigentes da confederação.

Em comparação, os patrocinadores da Fifa como Coca-Cola, Mcdonald's, Visa e Budweiser pediram a renúncia do presidente da Fifa, Joseph Blatter, em outubro, em meio à série de escândalos da entidade. O manifesto veio logo após ele começar a ser investigado pelo Comitê de Ética da Fifa. Ainda não foi indiciado por crimes como Del Nero.

No Brasil, Vivo, BRF, Itaú e Gol assinaram o pacto pelo esporte proposto pela ONG “Atletas pelo Brasil''. Neste acordo, previam que só fechariam contratos ou renovações com entidades esportivas que se adaptassem a determinadas regras de transparência e governança nos próximos dois anos. 

Entre as regras, está previsto ter órgão externo de controle, publicação do estatuto da entidade, planejamento orçamentário, pontos não cumpridos pela CBF. A “Atletas pelo Brasil'' afirmou que o objetivo é conseguir melhorias a longo prazo nos novos contratos.

Questionada sobre o caso da CBF, a Gol não respondeu a perguntas sobre a crise e disse: “Nada muda nos atuais contratos de patrocínios da GOL, mas como em todo o processo de renovação, as condições na ocasião serão revistas''.

A assessoria da Vivo também não respondeu a perguntas sobre as acusações contra dirigentes da CBF, e soltou comunicado genérico: “A Vivo patrocina a Seleção Brasileira de Futebol porque acredita no poder do esporte como forma de conexão e repudia qualquer comportamento ilícito e/ou que não esteja adequado aos valores e princípios de atuação da empresa.“

A Ambev, a BRF (Sadia) e Samsung não quiseram comentar. A cervejaria é do mesmo grupo empresarial da Budweiser que, internacionalmente, pediu a renúncia de Blatter.

UOL Esporte

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