Argélia conta com falha do goleiro russo e arranca vaga inédita nas oitavas


Islam Slimani, da Argélia, comemora o empate de sua seleção contra a Rússia, na Arena da Baixada

A Argélia estreou em Mundiais em 1982, ganhando da então Alemanha Ocidental por 2 a 1, mas sem passar de fase porque a mesma Alemanha fez "jogo de compadres" com a Áustria, vencendo jogo por 1 a 0 de maneira vergonhosa - como o resultado servia para ambos os times, tocaram a bola até o apito final. Desde então, os argelinos nunca haviam conseguido avançar. A "maldição" acabou nesta quinta-feira: em Curitiba, jogando futebol ofensivo, como aquela seleção de 32 anos atrás, a Argélia está nas oitavas de final da Copa do Mundo. O empate por 1 a 1 com a Rússia foi o suficiente para a conquista da vaga no Grupo H, atrás da Bélgica.

A falha do goleiro Akinfeev em cruzamento deu a vaga aos africanos, quando a bola sobrou na cabeça de Slimani, o melhor jogador do time. Os argelinos podem não ter triunfado, mas jogaram como poucas vezes é visto em duelos entre africanos e europeus: pressionando, sem medo de uma equipe, supostamente, mais tradicional. O prêmio é enfrentar a Alemanha nas oitavas. Como em 1982, por que não acreditar que é possível vencer?

Fases do jogo: A Rússia precisava da vitória para avançar, e apostou em colocar Kerzhakov como titular pela primeira vez na Copa. A presença do atacante deu espaço para Kokorin, seu companheiro, que logo aos 10 minutos abriu o placar de cabeça. O problema russo foi que o time sentiu que só esse gol seria suficiente, recuando. A Argélia aproveitou.

Apesar do empate só ter saído com falha de Akinfeev e na segunda etapa, os argelinos pressionaram durante todo o tempo, acuando os rivais. Os meias e atacantes mostraram habilidade, fazendo os russos perderem a cabeça - não à toa, o gol saiu após falta dura na ponta esquerda. No final do jogo, por necessidade, a Rússia tentou avançar, mas mostrou por que foi incapaz de bater a Coreia ou de assustar a Bélgica: muito abafa, poucos chutes. Eliminação.

O melhor: Slimani - O atacante do Sporting, de Portugal, foi reserva na estreia argelina, na derrota para a Bélgica. Quando foi o melhor do time na vitória sobre a Coreia do Sul, por 4 a 2, provou que sua presença no banco havia sido um erro. De novo foi decisivo, agora contra a Rússia, e foi o principal jogador  na conquista da vaga - não só pelo gol, mas pela segurança mostrada no ataque e transmitida aos companheiros. Falando em segurança, válido lembrar do goleiro M'Bolhi. Espalhafatoso no estilo, seguro quando interessa.

O pior: Akinfeev - O goleiro russo novamente falhou feio, como já havia feito contra a Coreia do Sul, e prejudicou sua seleção. Não, a Rússia não apresentou em nenhum momento da Copa futebol que a fizesse merecedora de uma vaga nas oitavas, mas com o goleiro falhando assim, talvez não houvesse bom futebol que resolvesse.

Chave do jogo: A ofensividade argelina. Quando o técnico Vahid Halilhodzic trocou metade do time do 1° para o 2° jogo, mostrou que errou ao apostar na defesa contra a Bélgica. O ponto forte argelino é o ataque, com a velocidade e habilidade de Brahimi, Djabou e Feghouli, e o espírito matador de Slimani.

Quando todos esses jogadores foram colocados juntos em campo e livres para criar, deu certo. A Argélia, talvez daquela que menos se esperasse futebol bonito entre as africanas, mostrou o contrário: o ataque, é sim, a melhor defesa, quando feito com qualidade.

Toque dos técnicos: O medo de Fabio Capello em atacar custou caro à Rússia. Apesar de ter esbravejado durante a semana que não era "retranqueiro", não mostrou isso ao colocar o time da Rússia em campo. Diferentemente de Vahid Halilhodzic, técnico da Argélia, que sentiu que poderia jogar no ataque para conseguir o resultado que lhe dava a vaga. A aposta ofensiva deu certo. A defensiva, não.

Para lembrar:

É a primeira vez que mais de uma seleção africana passa às oitavas de final de uma Copa. Nigéria, no Grupo F, e Argélia, no Grupo H, fizeram história. Entre 1986 e 2010, sempre uma seleção africana esteve entre as 16 melhores - mas sempre sozinha, sem companheiras continentais. 

No lance do gol de Slimani para a Argélia, as câmeras de televisão flagraram o goleiro Akinfeev, da Rússia, sendo alvo de um laser verde. Não é possível afirmar que o laser atrapalhou o arqueiro, mas ele saiu muito mal no cruzamento, em sua segunda falha na Copa. Na estreia, deixou a bola entrar em chute da Coreia do Sul que estava em suas mãos.

A Bósnia pode ter sido eliminada na primeira fase, mas os bósnios ainda têm para quem torcer: Vahid Halilhodzic, o técnico argelino, nasceu no país europeu e levará o nome da Bósnia e Herzegovina para as oitavas de final.

UOL Esporte

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