Após crise, Copa América tenta se reinventar para achar novos parceiros

(Foto: Juan Carlos Cárdenas/EFE)


O torneio de futebol que ocupa posição central no escândalo de corrupção da Fifa está aberto aos negócios -- desta vez, legítimos.

A Copa América Centenário, disputada por 16 seleções das Américas do Norte e do Sul, foi pensada para celebrar o 100o aniversário do torneio regional mais antigo do futebol. Em vez disso, ela se transformou em um turbilhão de corrupção depois que as autoridades americanas acusaram os chefões do futebol de venderem os direitos do torneio para a empresa de marketing esportivo Datisa em troca de milhões de dólares em propinas.

Agora, as duas organizações responsáveis pela competição de junho de 2016 recuperaram esses direitos e buscarão novas ofertas já na próxima semana, segundo uma fonte informada sobre o assunto. As empresas americanas que tinham sido excluídas terão sua participação liberada, disse a fonte, que pediu anonimato porque o assunto não é público.

A Conmebol, órgão regional responsável pelo futebol na América do Sul, anunciou na sexta-feira que tinha recuperado os direitos de patrocínio e de transmissão televisiva do torneio. A Concacaf, grupo responsável pelo esporte nas Américas Central e do Norte, deverá fazer o mesmo anúncio, disse a fonte.

Expansão para os EUA

Em uma entrevista coletiva em Miami, no ano passado, os líderes dos dois órgãos disseram que expandiriam o torneio de futebol mais prestigioso da América do Sul e que ele seria disputado nos EUA pela primeira vez. A competição apresentará as seleções do Brasil, da Argentina, do México e dos EUA, entre outras, e contará com estrelas como o argentino Lionel Messi e o brasileiro Neymar.

A corrida para lucrar com o evento era parte central de uma denúncia de um grande júri americano revelada em maio. Catorze pessoas foram acusadas, incluindo Jeffrey Webb, ex-presidente da Concacaf, ex-líderes do futebol sul-americano e executivos de marketing esportivo dos EUA, do Brasil e da Argentina. Webb declarou-se inocente.

"Esses indivíduos e organizações se valeram de propinas para decidir quem transmitiria os jogos pela televisão, onde os jogos seriam realizados e quem administraria a organização que supervisiona o futebol organizado em todo o mundo", disse a procuradora-geral dos EUA, Loretta Lynch, citando a Copa América Centenário, de 2016.

Em dúvida

Desde que as acusações vieram a público, o torneio passou a ser dúvida por causa das disputas judiciais sobre os direitos de patrocínio e televisivos. Foram realizadas diversas reuniões pela Conmebol e pela Concacaf nas últimas semanas, incluindo uma cúpula na Cidade do México, para tentar acabar com o impasse. Com os direitos agora garantidos, as autoridades planejam iniciar um curto processo de licitação para a venda das transmissões e dos patrocínios, disse a fonte.

Dadas as notícias negativas em torno da Copa América, e o curto período de tempo necessário para concluir novos contratos, é improvável que os organizadores consigam receber uma garantia inicial, disse a fonte. Em vez disso, os ofertantes provavelmente oferecerão uma divisão.

Um porta-voz da Concacaf preferiu não comentar, e o presidente da Conmebol, Juan Ángel Napout, não respondeu a um e-mail em busca de comentário.

Acordo anterior

No acordo de patrocínio anterior, a Datisa concordou em pagar US$ 110 milhões em propinas aos líderes do futebol por quatro edições da Copa América, até 2023, incluindo o evento especial nos EUA, disseram procuradores federais. As autoridades do futebol teriam garantido receitas de US$ 352 milhões. Segundo o Departamento de Justiça, cerca de US$ 40 milhões em propinas tinham sido pagos quando o esquema veio à tona.

Um dos fundadores da Datisa, José Hawilla, era o dono da empresa brasileira de marketing esportivo Traffic Sports. Ele disse aos procuradores que foram pagos US$ 20 milhões na assinatura do contrato de 2013 e que na sequência houve mais quatro pagamentos de US$ 20 milhões. Hawilla se declarou culpado, concordou em pagar uma multa de US$ 151 milhões e cooperou com os procuradores americanos utilizando um dispositivo de gravação escondido.

UOL Esporte

Comentários