Santos vê Neymar se fazer de vítima e alega que punição depende da Fifa

(Foto: CRISTINA QUICLER/AFP)


O Santos não fala publicamente sobre o processo contra o atacante Neymar por causa de uma cláusula sigilosa. O clube interpôs uma demanda arbitral diante da Fifa contra o jogador, seu pai, Neymar da Silva Santos Júnior, Neymar Sport e Marketing S/S Limitada [Neymar Sports], e o Barcelona, da Espanha, todos envolvidos na transação que levou o craque ao clube catalão em 2013.

O clube alega quebra de contrato no processo, mas não faz questão de que o atleta seja punido nos gramados. Para o Santos, a suspensão de até seis meses é uma consequência do artigo 17 do Regulamento de Transferências de jogadores da Fifa, relacionados à quebra de contrato, e depende da entidade máxima do futebol. 

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O Santos, na verdade, só está interessado na indenização. O UOL Esporte apurou que o clube, inclusive, acredita que a repercussão de uma possível suspensão de Neymar é uma estratégia do estafe do jogador para colocá-lo como vítima perante a opinião pública.

Vale lembrar que a punição deixaria a seleção brasileira sem a sua principal estrela nas Eliminatórias da Copa do Mundo.

Nos bastidores da Vila Belmiro, o Santos lamenta o envolvimento de Neymar no caso e até cogitou não incluí-lo no processo. Mas judicialmente não foi possível, já que o atleta assinou diversos documentos no caso. O presidente Modesto Roma até chorou ao anunciar o processo contra Neymar em maio deste ano.

O Santos entende que houve quebra de contrato, mas considera um "mistério" a decisão da Fifa. O procedimento arbitral da entidade que decidirá o caso.

O artigo 17 do regulamento da Fifa prevê compensação financeira para o clube prejudicado e punições esportivas para o jogador. Uma pena de quatro meses está descrita para um atleta que quebrar o acordo, o que pode ser elevado para seis meses no caso de agravantes.

O clube paulista quer ser indenizado, inclusive, com juros, pois apurou que os valores da transação não estão corretos. Para a cúpula alvinegra, Neymar foi negociado com o Barcelona por cifras que superam 83 milhões de euros.

A diretoria santista quer receber a diferença do valor anunciado [57 milhões de euros], no dia da transação, 31 de março de 2013, com o valor confirmado pela justiça espanhola [83 milhões de euros]. 

O Santos confirmou, na época, que recebeu 17 milhões de euros (cerca de R$ 49 milhões) por Neymar, mas terá direito somente a 9 milhões de euros (aproximadamente R$ 26 milhões), pois teve que repassar do montante 40% a DIS, braço esportivo do Grupo Sonda, e 5% a Teisa, grupo de investidores formados por conselheiros influentes no clube, que detinham porcentagem dos direitos econômicos do atleta.

Além dos 9 milhões de euros, o Santos embolsou mais 8 milhões de euros (aproximadamente R$ 23 milhões) na transação. Isso porque na venda do ex-astro santista ficou acordado que o clube espanhol pagou o valor para adquirir a preferência de compra de mais três atletas revelados nas categorias de base do alvinegro praiano – Gabigol, que segue no clube, e Victor Andrade e Giva, que já deixaram o alvinegro praiano.

Nesta quinta-feira (15), o Santos emitiu um comunicado oficial sobre o caso. Confira na íntegra:

O Santos FC informou, em 29 de maio passado, haver ingressado com pedido de instauração de arbitragem diante da FIFA para apurar eventual violação contratual ocorrida na transferência do atleta Neymar Júnior para o Futbol Club Barcelona. Os fatos que envolveram essa transferência são de conhecimento público.

O Santos FC não apresentou nenhum pedido adicional à FIFA, estando em curso o procedimento arbitral tal como proposto inicialmente.

O Santos FC busca somente proteger seus direitos e obter a reparação de prejuízos sofridos.

A apuração de eventual violação contratual e a imposição de respectivas consequencias competem à Câmara de Resolução de Disputas da FIFA, de acordo com seu Regulamento. O Santos FC não detém nenhuma forma de controle sobre como a FIFA decidirá o caso.

De acordo com as regras da FIFA, o procedimento arbitral é sigiloso e o Santos FC não irá se pronunciar sobre a arbitragem.

UOL Esporte

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