Em 11ª Olimpíada, voluntário rouba cena na Vila de Vancouver


A Vila Olímpica está aberta. Mas as estrelas ainda estão por chegar. Por enquanto, quem rouba a cena na acomodação dos atletas em Vancouver é um senhor com chapéu de cowboy cheio de broches de Jogos de Inverno e Verão. Falante, ele se aproxima e faz jus ao seu papel no local. Aberra Aguegnehu, 61 anos, é intérprete voluntário do Comitê Olímpico Internacional.

Com a experiência no Canadá, ele já soma 11 Jogos no currículo, mas nem pensa em parar por aí. "Fiquei muito feliz que o Rio de Janeiro foi escolhido para sediar as competições em 2016. Espero estar lá", diz.

Apesar da longa trajetória no ramo, um simples gesto é inesquecível para Aguegnehu. "Atenas me marcou muito. Quando desembarquei no aeroporto, uma mensagem me fez parar. Tinha uma placa 'Welcome home'. Simples, mas forte".

A primeira edição da Olimpíada foi na cidade grega, em 1896. Antes de fazer parte da equipe do órgão internacional, em Atlanta (1996), o intéprete trabalhou na parte burocrática dos Comitês de Israel e da Etiópia.

Entre uma demonstração e outra dos 12 idiomas que fala (inglês, espanhol, francês, italiano, alemão, hebreu, amárico, japonês, chinês, grego, português e iugoslavo), ele conta sobre sua paixão pelo esporte e por um ex-jogador de futebol brasileiro em especial.

"O Pelé é meu ídolo, porque joga com os pés e a cabeça. Não esqueço da Copa de 70, quando ele e o Garrincha se comunicavam apenas pelo olhar", afirma Aguegnehu, que nasceu em Israel e mora há mais de trinta anos em Los Angeles, nos Estados Unidos.

A admiração pelo futebol do País é tão grande, que ele ainda arrisca um palpite para a Copa do Mundo da África do Sul, em junho deste ano. "Tenho 100% de certeza que o Brasil vai ganhar, com Kaká, Robinho, Luís Fabiano e o capitão, Lúcio".

A Vila Olímpica de Vancouver foi aberta nesta quinta-feira para os 2.730 atletas e membros das delegações dos mais de 80 países que disputarão os Jogos de Inverno, entre os próximos dias 12 e 28.

Porém, apenas algumas pessoas das equipes da Itália, Japão, Áustria, França e Grã-Bretanha ocuparam seus espaços nos prédios construídos às margens do False Creek e mal apareceram na zona internacional, área que mistura serviço e lazer.

Outros 2.850 esportistas ficarão na Vila de Whistler, montanha 125 km distante da sede principal do evento, onde serão realizadas as provas de modalidades na neve.

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