Valcke evita críticas e vê Brasil empenhado contra atrasos da Copa

Ministro dos Esportes russo, Mutko (à esq.) cumprimenta presidente da Fifa, Blatter. Foto: AP

Ministro dos Esportes russo, Mutko (à esq.) cumprimenta presidente da Fifa, Blatter

No fim de semana que marcou o anúncio das sedes da Rússia para a Copa do Mundo de 2018, o secretário-geral da Fifa, Jeróme Valcke, voltou a dizer que a Fifa trabalha em conjunto com o Brasil para que o Mundial de 2014 seja realizado dentro do esperado.

Em tom amistoso, Valcke disse que já é de conhecimento geral que as obras no Brasil estão um pouco atrasadas, mas quis destacar que está trabalhando junto com as autoridades brasileiras para que a competição não seja comprometida. "O Brasil não está cumprindo os prazos. Não é uma crítica. É um fato", afirmou Valcke.

Valcke ressaltou que a Copa das Confederações "já é amanhã e a Copa do Mundo é depois de amanhã", em referência à data de início dos eventos: a primeira começa em 15 de junho de 2013 e a segunda, em 12 de junho de 2014.

Em março deste ano, o secretário-geral foi protagonista de uma polêmica com o governo brasileiro ao dizer que o País precisava "levar um chute no traseiro" por causa do atraso na organização da Copa. Depois, o francês se retrataria e pediria desculpas, conseguindo que as partes voltassem a se entender.

No início da entrevista deste domingo, a organização do Mundial de 2018 foi bastante elogiada pelos dirigentes da Fifa e a comparação com o Brasil parecia inevitável. O ministro de Esportes russo, Vitaly Mutko, destacou que a escolha das cidades-sede teve como um dos critérios a real viabilidade de construir novas infra-estruturas nesses locais, citando que a Rússia quer "evitar o risco de atrasos como no Brasil".

O presidente da Fifa, Joseph Blatter, explicou em um tom mais descontraído que cada país organiza a Copa do Mundo em um ritmo e que "a maneira como um projeto que está em cima da mesa é visto varia muito e depende das características de cada povo".

Blatter citou o caso do Mundial de 2012, organizado pela Coreia do Sul e pelo Japão, onde houve uma preocupação e um planejamento exagerados e "eles poderiam ter organizado até mesmo duas Copas".

Segundo o presidente da Fifa, na África do Sul houve quase um ano de comemoração pela escolha do país como sede da Copa de 2010, mas as obras só começaram quando a Fifa interveio.

"O Brasil é a sexta economia do mundo, o País do futebol e o (ex-presidente Luiz Inácio) Lula (da Silva) conseguiu trazer a Copa para o País. Os problemas internos pessoais que tivemos na organização já foram solucionados".

E concluiu: "agora a presidente Dilma Rousseff e eu estamos apenas observando o processo. Deixamos toda a responsabilidade nas mãos do secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke".

Os membros da Fifa afirmaram ainda que estão numa situação bastante confortável na Rússia tendo em conta que as autoridades locais já começaram as discussões a respeito do evento, o maior organizado pelo país desde a Olimpíada de Moscou, em 1980.

Os Jogos Olímpicos de Inverno de Socchi, em 2014, foram citadas como uma preparação para a Rússia e a vontade política para organizar questões de segurança, transporte e venda de ingressos foi ressaltada pela comitiva local.

"Queremos mostrar uma Rússia multicultural. Além de Moscou e São Petersburgo, temos Kazan, de maioria muçulmana, Kaliningrado (exclave russo entre a Polônia e a Lituânia), cidades dos (Montes) Urais, a fronteira geográfica da Europa com a Ásia, e outros locais do sul", explicou Mutko. "Muitos lugares ficaram de fora, mas perder e ganhar fazem parte do espírito esportivo".

A Copa Mundo de 2018 na Rússia tem um gasto estimado de 300 bilhões de rublos (aproximadamente R$ 20 bilhões) na primeira vez que um país da Europa Oriental recebe o evento. Conforme foi anunciado no sábado, o país será dividido em quatro áreas geográficas para a organização do Mundial. Os 11 municípios escolhidos para abrigar as partidas foram: Moscou - único com dois estádios, o Luzhniki e o Spartak (área central do país); São Petersburgo e Kaliningrado (área norte); Nizhny Novogorod, Kazan, Samara, Saransk, Volgogrado (área do Volga); Rostov-on-Don e Sochi (área sul); e Ekaterinburgo. Krasnodar e Yaroslavl acabaram de fora das sedes.

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