"Xodó", Portuguesa Santista inicia luta para sair do fundo do poço

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Último grande momento da Portuguesa Santista ocorreu no Paulista de 2003, em equipe que tinha Rico como destaque

Detentora da "Fita Azul" (título criado para as equipes que obtinham sucesso nas excursões ao exterior) do futebol brasileiro desde 1959, uma das fundadoras da Federação Paulista de Futebol e com o reconhecimento de ser um dos times do Estado mais populares fora da capital, a Portuguesa Santista inicia neste domingo a batalha para fugir da quarta divisão de São Paulo, o "fundo do poço" para os tradicionais clubes paulistas.

"A Segunda Divisão (equivalente à quarta) é um torneio muito disputado, é o mais difícil dos torneios locais se você for pensar bem, pois apresenta uma rivalidade muito grande entre os times. Nós, por exemplo, vamos enfrentar todos os rivais regionais, como o Jabaquara, o São Vicente e o Guarujá", definiu Gerson Vieira, presidente da empresa parceira da Portuguesa, em entrevista ao Terra.

Quase oito anos depois de conquistar seu melhor posto no Campeonato Paulista, em 2003 (uma terceira colocação, feito igualado aos anos de 1936, 37 e 38), a "Briosa" caiu inexplicavelmente de patamares no torneio estadual e encontra-se na obscura Série B, equivalente ao quarto escalão de São Paulo. Agora, a apenas seis anos de seu centenário de fundação, o time rubro-verde tem a difícil missão de buscar três acessos nas próximas temporadas.

"O objetivo é levar a Portuguesa de volta à elite de São Paulo, mas vamos pensar em um passo de cada vez. Primeiro, temos que passar de fase na Segunda Divisão. Depois, pensar em acesso à Série A-3 (terceira divisão estadual), depois em título, e assim sucessivamente", acrescentou Gerson.

Causa da queda, parceria e baixo orçamento

"Os times do interior, principalmente esses tradicionais, como a Portuguesa, a Ferroviária, entre outros, precisam saber separar o clube social do futebol. O problema é que eles não conseguem virar empresa e acabam dedicando todos os ganhos do futebol ao departamento social, o que acaba prejudicando muito".

Foi assim que o técnico Douglas Neves explicou, em contato com o Terra, o calvário que a Briosa e outros times tradicionais do interior paulista se meteram nos últimos anos, com sucessivas quedas e perdas de espaço para os chamados "clube-empresa", como Americana, Grêmio Prudente, entre outros.

Em contrapartida, para se reerguer a Portuguesa Santista firmou parceria com a Vieira Sports em setembro de 2010, quando o grupo decidiu assumir o departamento de futebol do clube. "Eu já era diretor do clube quando decidi firmar essa parceria. Ela veio com o objetivo de ajudar a Portuguesa e levá-la para o lugar de onde nunca deveria ter saído: a elite do futebol paulista", declarou Gerson.

Com cerca de 25 jogadores no plantel - sendo apenas quatro deles com idade superior a 23 anos - o time rubro-verde também possui um orçamento muito baixo se comparado com os grandes clubes da capital. Entre R$ 50 mil e R$ 60 mil são investidos mensalmente no departamento de futebol do clube - isso, contabilizando folha de pagamento, transporte, uniformes, alojamentos, alimentação, etc.

Quando a reportagem visitou as instalações do Estádio Ulrico Mursa, constatou que o lugar está sendo preparado para as partidas da Portuguesa pelo Campeonato Paulista. Uma nova pintura foi providenciada nas arquibancadas com o apoio de um patrocinador e o novo jogo de camisas já chegou às mãos do elenco, que deve estreá-lo neste domingo.

Treinador e elenco jovem:

Douglas Neves, 48 anos, é um experiente treinador do interior paulista e conhecedor dos times que disputam as divisões inferiores do Estado. Ex-meia esquerda, o comandante teve uma trajetória marcante pela Ferroviária, onde permaneceu de 1979 a 1987, e posteriormente pelo Ceará, quando conquistou o Campeonato Cearense de 1988.

Ainda defendeu CSA-AL, Rio Branco-ES, Pinheiros-PR, São Paulo-RS, entre outros, antes de encerrar a carreira de jogador nos anos 90. Em seguida, passou a aventurar-se como técnico em 1995, pela mesma Ferroviária. "Comecei nas categorias de base da própria Ferroviária, lá em Araraquara, onde treinei todas as partes da base até chegar aos profissionais", afirmou. "Depois passei por Taquaritinga, Sertãozinho, Américo Brasiliense, e muitos outros", disse.

Em Ulrico Mursa, o treinador encontra um elenco jovem - o pré-requisito para a disputa da quarta divisão é que apenas três jogadores tenham idade superior a 23 anos - e disposto a brigar até o fim pelo acesso da Briosa. Entre eles, alguns experientes, como Douglas, que está há mais de uma década no clube. "Acho que ele está aqui há uns 13 anos já", definiu o sogro do atleta, presente na arquibancada para assistir ao treinamento da equipe.

Com seus "meninos", a Portuguesa Santista inicia a luta para voltar a ser "grande" neste domingo, quando faz seu primeiro clássico regional do torneio. O adversário será o São Vicente, que atuará diante de sua torcida, no Estádio Mansueto Pierotti, em São Vicente. Contudo, se depender da confiança do técnico Douglas Neves, dias melhores estão por vir. "Nosso elenco é confiável e a meta é a Série A-3 no ano que vem", finalizou.

História:

A Portuguesa Santista foi criada no dia 20 de novembro de 1917 por um grupo de curiosos que apreciava as partidas do Hespanha (atualJabaquara). O time rubro-verde ajudou a fundar a Federação Paulista de Futebol, em 1941, ao lado de Palestra Itália (antigo Palmeiras), Corinthians, São Paulo, Santos, Portuguesa de Desportos, Hespanha, Ypiranga e SPR (hoje, Nacional).

Ganhou a "Fita Azul" - prêmio concedido pela CBD (Confederação Brasileira de Deportos) e, depois, pela Gazeta Esportiva, em 1959, após brilhante passagem pelo exterior e alcançou o terceiro posto do Campeonato Paulista em 1936, 1937 e 1938.

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