Em declínio, Cuba aposta na renovação para melhorar rendimento no Pan

Cuba mantém o status de potência esportiva das Américas há muitos anos, e, para este ano, nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, que ocorrem em .... Foto: Getty Images

Dayron Robles, atual recordista mundial dos 110 m com barreiras, é uma das esperanças cubanas no Pan

Cuba sustenta há muitas décadas um status de potência esportiva das Américas, contudo, a queda do desempenho no quadro de medalhas do Pan de 2007, no Rio de Janeiro, ligou a luz de alerta na ilha caribenha. Problemas como a falta de financiamento e a deserção de atletas foram levantados como prováveis causas para o rendimento abaixo do esperado, mas, mesmo assim, os cubanos são apontados como favoritos em diversas modalidades que ocorrerão no Pan-Americano de Guadalajara, em outubro.

Parte do sucesso de Cuba no esporte passa pelo investimento em modalidades estratégicas. Como o seu território é apenas uma ilha, e seus atletas em potencial precisam sair de um número infinitamente menor de habitantes em relação a outros países, como Estados Unidos, Canadá e Brasil, os cubanos voltam suas atenções para esportes que expandem as chances de conquistas de medalhas. As modalidades em questão são, por exemplo, o boxe e outras lutas, e suas diversas categorias de peso, além do atletismo.

Fora esses esportes que Cuba, quase sempre, consegue ser destaque, ainda existe um empenho - e, claro, talento - em modalidades coletivas. Equipes de vôlei e beisebol, por exemplo, são referências internacionais, enquanto times de basquete, handebol e pólo aquático alcançaram medalhas de bronze no último Pan, do Rio, e já são vistos como potenciais vencedores.

"Cuba é uma potência nos esportes devido aos métodos de trabalho aplicados desde os trabalhos de base. Para o tamanho pequeno de nossa ilha, até que conseguimos uma renovação muito boa de atletas, por isso mantemos sempre o nível", analisou Angel Aldama, que é cubano, mas trabalha na Confederação Brasileira de Lutas Associadas (CBLA) como técnico do estilo greco-romano.

"Na comparação entre Cuba e Brasil na luta olímpica, por exemplo, Cuba está muito na frente, e não só pela tradição. O material humano é melhor, a metodologia de treinamento e os treinadores também. Brigamos por primeiras colocações em todos os campeonatos internacionais, não só em Pan-Americanos", afirmou Aldama, discordando da tese que prega uma queda de rendimento olímpico de Cuba (28º lugar, em Pequim 2008) em relação ao Brasil (23º colocado).

No Rio de Janeiro, vale lembrar, o Brasil - que também terminou o evento na frente de Cuba - tinha que ter representantes em todas as modalidades por ser o anfitrião do Pan, e, talvez por isso, tenha conseguido terminar no quadro de medalhas deixando os rivais pra trás. Na mesma época, os cubanos nunca sofreram tanto com deserções. "Principalmente no boxe", lembrou Angel Aldama.

Resta saber se sobrou algum legado da edição de 2007, e se os esportistas brasileiros conseguirão fazer valer os anos de treinamento e investimento para fazerem bonito em Guadalajara. Mesmo com a diferença entre Cuba e Brasil na luta olímpica, a especialidade de Aldama, o treinador acredita que os brasileiros podem sim surpreender os cubanos. Mesmo que em outro nível. "Entre três e quatro medalhas é uma boa previsão para o Brasil", afirmou.

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