Decidido, Marcos não chorou ao comunicar aposentadoria a dirigentes

Goleiro já havia tomado decisão de se aposentar, mas só comunicou ao clube nesta quarta. Foto: Edson Lopes Jr./Terra

Goleiro já havia tomado decisão de se aposentar, mas só comunicou ao clube nesta quarta

Quando chegou à Academia de Futebol na tarde desta quarta-feira, Marcos já sabia que sairia de lá horas depois como ex-atleta. Enquanto a torcida protestava contra diretoria e jogadores e o elenco treinava pela primeira vez em 2012, o ídolo anunciava sua decisão, sem titubear, a Roberto Frizzo e César Sampaio.

"F..., Sampaio! Está doendo tudo, vou ter que parar", falou o pentacampeão, que não derramou lágrimas ao colocar um ponto final em uma vitoriosa trajetória de 20 anos.

Marcos conversou com a família antes de anunciar a aposentadoria e a decisão já estava tomada alguns dias antes da reapresentação do grupo. Mesmo assim, ninguém no clube sabia qual seria a posição tomada pelo ex-camisa 12.

Pouco antes de César Sampaio fazer o anúncio em entrevista coletiva, o Palmeiras divulgou a relação dos 27 atletas do elenco para 2012 com o nome de Marcos seguido por um ponto de interrogação. A dúvida durou menos de uma hora e o grupo, então, conta com 26 opções.

O último jogo do ídolo palmeirense foi no dia 18 de setembro de 2011, em um empate por 1 a 1 com o Avaí, no Estádio da Ressacada. Depois dessa partida, insistentes dores no joelho esquerdo o impediram de treinar normalmente e vetaram sua participação na reta final do Campeonato Brasileiro.

Exemplo de amor à camisa no futebol moderno

A carreira de Marcos pode ser classificada como uma das mais bonitas dos últimos anos. Mesmo consagrado e objeto de desejo de grandes clubes europeus durante a trajetória dentro dos gramados, o goleiro deu um raro exemplo de "amor à camisa" no futebol moderno. O camisa 12 permaneceu os quase 20 anos de vida futebolística na mesma instituição: a Sociedade Esportiva Palmeiras.

Com a camisa alviverde, Marcos conquistou os maiores títulos da organização paulista. Campeão brasileiro nos anos de 1993 e 1994, o goleiro alcançou o auge da carreira. Em um espaço de apenas três meses, deixou o banco de reservas para se tornar um dos principais responsáveis pelo título inédito da Copa Libertadores da América de 1999, a maior glória obtida pelo Palmeiras até hoje.

Já tratado como ídolo, Marcos conquistou ainda mais a torcida na edição seguinte da competição sul-americana. Embora tenha passado por um péssimo momento de pressão, após falhar na decisão do Mundial de 1999 (não conseguiu interceptar um cruzamento de Ryan Giggs, que resultou no gol do título do Manchester United, marcado por Roy Keane), o goleiro se tornou símbolo da vitoriosa geração alviverde ao novamente impedir o arquirrival Corinthians de seguir no torneio.

Na semifinal, Marcos defendeu o pênalti cobrado por Marcelinho Carioca, principal ídolo corintiano na época, e classificou o Palmeiras à decisão da Libertadores de 2000 - competição na qual o time acabou como vice-campeão.

Ídolo consolidado dentro do clube, Marcos atingiu o Brasil inteiro em 2002. Goleiro de confiança do técnico Luiz Felipe Scolari, o representante palmeirense vestiu a camisa 1 da Seleção Brasileira e teve participação fundamental na conquista do pentacampeonato, especialmente na decisão contra a Alemanha.

As grandes atuações despertaram o interesse europeu. O Arsenal, depois de conhecer o goleiro palmeirense na Copa do Mundo do Japão e da Coreia do Sul, buscou a contratação de Marcos. Entretanto, na contramão do futebol moderno de negócios, o jogador rejeitou a proposta e seguiu na instituição alviverde, apesar do rebaixamento à Série B do Brasileiro em 2003.

Marcos passou pela pior crise da história palmeirense sem ter o respeito adquirido durante o fim da década de 90. O jogador seguiu convivendo com lesões, alguns vexames (como a goleada de 7 a 2 para o Vitória, pela Copa do Brasil de 2003, no Palestra Itália) e grandes atuações. O último título conquistado pelo camisa 12 no único clube da carreira foi o Campeonato Paulista de 2008.

FICHA TÉCNICA

Nome: Marcos Roberto Silveira Reis
Posição: Goleiro
Cidade de nascimento: Oriente (SP)
Nascimento: 4 de agosto de 1973
Altura: 1,93 m
Camisa preferida: 12
Jogos pelo Palmeiras: 530
Jogos pela Seleção Brasileira: 29
Clubes: Palmeiras
Títulos: Campeonato Brasileiro (1993 e 1994); Campeonato Paulista (1994, 1996 e 2008); Copa do Brasil (1998); Copa Mercosul (1998); Copa Libertadores (1999); Torneio Rio-São Paulo (2000); Copa dos Campeões (2000); Campeonato Brasileiro Série B (2003).

Pela Seleção: Copa América (1999); Copa do Mundo (2002) e Copa das Confederações (2005)

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