Do "BBB tricolor" para a Copa SP: saiba tudo do Henry de Cotia

Thomás, do Flamengo, Douglas, do Corinhians, Léo Bonatini, do Cruzeiro. Há alguns candidatos a artilheiro da próxima Copa São Paulo, mas a maior barbada é o tricolor Ademílson. Os números é que sustentam essa tese do centroavante que chegou ao São Paulo com 11 anos, passou por uma espécie de Big Brother das categorias de base e, agora aos 17, tem boas chances de aparecer no elenco profissional em 2012.

Tudo que Ademílson vislumbra para esta temporada é fruto do que ele construiu no ano que se encerrou. Convocado para a Seleção Brasileira pela primeira vez já para o Mundial Sub-17, estreou com faro de matador e fechou a competição como um dos artilheiros do Brasil, com cinco gols. Repetiu a dose como goleador na Copa Independência Sub-17, no México, e no Campeonato Paulista Sub-17. Promovido para a decisão do Paulista Sub-20, fez gol na finalíssima e foi campeão.

"Foi o melhor ano da minha vida. Eu nunca tinha ido para a Seleção, cheguei desacreditado no Mundial e acabei um dos artilheiros. Também fiquei um bom tempo no profissional, o que foi gratificante. 2011 foi maravilhoso", conta Ademílson ao Terra. A velocidade na grande área e pelos lados do campo, a pele escura e o faro de gol fizeram dele o Ademi Henry. Ou o Henry de Cotia.

"A rapaziada fala disso (gargalhadas). Mas estou longe, o cara joga demais. É um gigante. Estou bem longe, é só pela aparência mesmo", diz o envergonhado sósia de Henry, hoje no New York Red Bull, dos Estados Unidos. Ele, que se espelha de verdade em Ronaldo, é quem puxa a fila das esperanças do São Paulo para o futuro. Junto a nomes como o lateral Lucas Farias, o volante Allan e o meia João Felipe, Ademílson espera repetir o que fizeram Casemiro e Lucas há dois anos: o título.

"Minha expectativa está gigante. Os meninos que já jogaram a Copa São Paulo conversam, contam que o negócio é bom mesmo, é o melhor campeonato da base. Nosso time é bom, já deu para vocês verem", comentou após a vitória de 4 a 0 contra o Sinop-MT, último amistoso antes da estreia na Copinha, contra o Palmas-TO, na quarta-feira. "Espero mesmo é ser campeão", conta o jogador mais elogiado pelo chefe.

"Nem precisa comentar dele, não é? Ele é uma realidade do que está sendo feito aqui (no Centro de Treinamento de Cotia), só precisa daquele algo mais para jogar no time de cima", define o ex-jogador Zé Sérgio, ponta do São Paulo nos anos 80 e treinador dos juniores, entre o elogio merecido e a cobrança necessária. "Tem qualidade, velocidade, é inteligente. Precisa mostrar isso para os são-paulinos e para os profissionais".

O Big Brother da base no São Paulo

Diferentemente de outros clubes, o São Paulo só tem categorias de base a partir dos 14 anos, entre várias peculiaridades no trabalho de prospecção de jogadores feito pelo clube. Ademílson surgiu assim, aos 11 anos, no São Paulo Center, rede de escola parceira que funciona na Baixada Santista. Natural de Cubatão, ele ficou dos 11 aos 14 sendo monitorado.

Esse processo do qual surgiu Ademílson é a origem de cerca de 90% dos jogadores da base do São Paulo na atualidade. Em regiões de todo o País, escolas parceiras e colaboradores procuram jovens de 9 a 13 anos com potencial para defender a base tricolor. Semanalmente, dezenas deles são avaliados em Cotia, onde funciona a etapa seguinte.

Quem acaba aprovado por lá, realiza mais três ou quatro visitas por temporada. E é quando todos estão prestes a completar 14 anos que é feito um novo peneirão para formar o time sub-14. Raros são os jogadores a chegar após esse estágio à base do São Paulo.

Ademílson sobreviveu a toda essa garimpagem e, a partir da equipe sub-15, começou a se destacar ao lado de Lucas Piazon, vendido no início da temporada ao Chelsea com 17 anos. No clube, Juvenal Juvêncio e todos não têm dúvida de que o melhor negócio foi ficar com o Henry de Cotia, já testado em treinos por Leão e seu antecessor, Adilson Batista.

"Já ouvi falar que depois da Copa São Paulo vou para o profissional, mas agora é só pensar na Copa. O Brasil todo vê, é televisionado, todos que gostam de futebol vão ver. E aí depois é um passo", conta um ansioso Ademílson.

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