Tony brilha em relargada, cai nos boxes e se salva em batida; entenda

Em prova agitada, brasileiro oscilou entre o quarto lugar e a 18ª posição. Foto: Edson Lopes Jr./Terra

Em prova agitada, brasileiro oscilou entre o quarto lugar e a 18ª posição

Dos quatro brasileiros que disputaram a São Paulo Indy 300 neste fim de semana, Tony Kanaan teve provavelmente a corrida mais inusitada. Apesar de ser o melhor representante do País no grid de largada, saindo do 11º lugar beneficiado por uma punição, ele foi o que teve o maior prejuízo no fim em relação à posição original. Detalhe: andou muitas vezes entre os primeiros colocados, e até mesmo foi beneficiado por acidentes e relargadas.

Para entender tamanha confusão, é preciso esmiuçar a corrida de Kanaan. O baiano da KV Racing ganhou terreno nas oito primeiras voltas e subiu para 10º, mas caiu para 13º em meio às disputas até a volta 20. Porém, em seis voltas, ele já era o sexto colocado, graças a três fatores decisivos: a bandeira amarela na volta 20 (culpa da batida de Ryan Briscoe), as passagens de rivais pelos boxes e a rodada de Dario Franchitti no S do Samba pela volta 26.

O incidente do escocês da Ganassi promoveu nova bandeira amarela. No retorno, três voltas depois, Kanaan participou de um dos lances mais espetaculares da São Paulo Indy 300: atrás de Helio Castroneves, quarto com a Penske, e Rubens Barrichello, quinto com a KV Racing, ele retardou a freada na primeira perna do S do Samba, encontrou espaço e saltou para quarto. Seu companheiro de KV Racing aproveitou a brecha de Castroneves e manteve o quinto posto, "rebaixando" o rival da Penske para sexto.

Pelo menos, foi o que pareceu. Em entrevista coletiva, Kanaan deu a entender que a incrível ultrapassagem foi fruto da sorte ao escapar de um acidente. "Pareceu que foi uma relargada maravilhosa. Aconteceu um monte de coisa maravilhosa, mas aconteceu um monte de coisa lá na frente. Eu vim embalado, botei de lado e passei. O Rubens deu espaço para mim, eu também dei espaço", explicou o campeão da Fórmula Indy de 2004.

Tudo estava bem, e o carro vermelho de Tony se manteve na briga pelo pódio até a volta 41, quando o piloto foi chamado aos boxes. Resultado: despencou para a 17ª colocação.

"A gente entrou no box em quarto. Voltei (à pista) e perguntei em que posição eu estava: 17º. Eu falei: 'mandamos bem, hein?'. Mandamos uma estratégia ótima hoje", disse em sua coletiva, encarando a situação com bom humor e evitando reclamações para a KV Racing. "A gente ganha junto e perde junto. Isso não é uma crítica à minha equipe."

A partir daí, Tony Kanaan passou a patinar de novo entre as últimas colocações. Foi de 17º a 18º, de 18º a 15º. E foi em 15º que ele estava quando se envolveu em um grande acidente na volta 66, a nove do fim: Mike Conway se chocou contra o muro na segunda perna do S de Samba e enroscou com ele outros sete pilotos - entre eles, Bia Figueiredo (Andretti) e o próprio Kanaan. O piloto da KV Racing conseguiu frear e evitar o choque, mas Bia vinha atrás e acertou a traseira do compatriota. Por muito pouco, os dois não terminaram a corrida ali.

"Foi a Bia, né? Eu falei para ela, ele falou que não...", divertiu-se Tony. A rival da Andretti, envergonhada, tentou se justificar, mas Rubens Barrichello completou a brincadeira: "não vamos convidar ela para a corrida de kart". Mais sério, Tony prosseguiu.

"Tem certas vezes que, por ser cauteloso, acaba acontecendo. Quando vi acontecendo, diminui bem forte. O Rubens me passou pelo lado e eu tomei o toque por trás", completou.

Mesmo com pouco tempo para o fim da prova, Tony teve tempo para mais uma de suas boas histórias: parado em meio ao enrosco do S do Samba, conseguiu ganhar posições. Em meio aos trabalhos para voltar à pista, os torcedores começaram a pedir "tira, tira", para que os comissários tirassem seu carro da confusão. Formado por americanos e brasileiros, o grupo de comissários se dividiu entre os trabalhos. Mas depois que os brasileiros começaram a ajudar o carro de Tony, os americanos engrossaram o grupo.

"Eu bati em 15º, voltei e perguntei no rádio em que posição eu estava: 13º. Eu disse: 'então vamos bater de novo'", brincou Tony, que cruzou a linha de chegada uma posição atrás da colocação em que largou. Rubens Barrichello foi de 12º para 10º. Bia Figueiredo, de 19ª para 20ª. E Helio Castroneves, o destaque, foi de 18º para o quarto lugar.

Terra

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