Revolução no futebol alemão tem R$ 1,4 bilhão para formar jogadores

Thomas Müller é o principal expoente da nova geração alemã formada em academias

Thomas Müller é o principal expoente da nova geração alemã formada em academias

Com dois times classificados para a final da Liga dos Campeões, Bayern de Munique e Borussia Dortmund, o futebol alemão atingiu o topo da Europa graças a uma revolução iniciada há cerca de 13 anos por clubes, federação de futebol e a liga nacional. Seu principal foco foi o investimento na formação de novos jogadores, com gastos de R$ 1,4 bilhão só em divisões de base dos times.

Esse plano foi elaborado em 2000 quando o time nacional germânico se viu em franca decadência ao ser eliminado na primeira fase da Eurocopa. A partir daí, a Federação Alemã de Futebol (DFB) - correspondente a CBF- e a Liga Nacional - que organiza a Bundesliga, campeonato local - se organizaram para tomar medidas para mudar o futebol nacional.

Foram dois os caminhos adotados. Primeiro, a Liga Nacional impôs, a partir de 2001, que os clubes teriam de ter academias formadoras de jovens jogadores para obter a licença para entrar na primeira divisão do campeonato alemão. Essa medida foi depois estendida à segunda divisão. Segundo, a DFB passou a criar centros de treinamento para crianças abaixo de 14 anos, em integração com escolas.

Além da renovação em campo, a Alemanha adotou regras para controle de gastos e da administração dos clubes. É obrigatório, por exemplo, que pelo menos 51% das ações da equipe pertençam a sócios, vetada a venda para estrangeiros. Gastos excessivos, acima das receitas, podem gerar a perda da licença do clube para jogar o Nacional. "Temos sempre uma filosofia de não gastar mais do que ganhamos", afirma o chefe-executivo do Bayern, Karl-Heinz-Rummenigge, ex-jogador da seleção.

Mas, antes de instalar esse sistema, os alemães mandaram seus técnicos para os países que eram vistos como de excelência em treinamento de jovens. Houve visitas à França, à Holanda e à Espanha, que eram consideradas referências. Avaliou-se da infraestrutura à formação de profissionais para atuar no futebol.

Com o know-how aprendido, os alemães começaram a formar seus CTs. Um exemplo é que o Borussia Dortmund, hoje finalista da Liga dos Campeões, não tinha uma academia de jovens antes da obrigação imposta pela liga. O segundo passo foi criar critérios para avaliar essas academias sob o ponto de vista de infraestrutura - campos, vestiário, equipamentos técnicos- e de pessoal -exames para técnicos, psicólogos e preparadores físicos. Com isso, o investimento dos clubes crescia a cada ano em suas divisões de base.

De início, os times investiam R$ 125 milhões por ano, número que praticamente dobrou depois de 12 anos. No total, clubes da primeira e segunda divisão já gastaram R$ 1,4 bilhão com infraestrutura e pessoal para a formação de atletas.

"Uma razão crucial para o sucesso recente com certeza foi o trabalho das academias da Bundesliga. O fato é que compulsoriamente se estabeleceu esse investimento o que não pode ser elogiado o bastante. Neste temporada, foram só R$ 240 milhões", contou  Christian Seifert, executivo-chefe da Liga.

Como resultado, foi revertida a tendência de queda do número de jogadores locais na Bundesliga o que ocorria até 2001. Na temporada de 2010/2011, 275 dos 525 atletas, ou seja 57%, eram alemães. Entre eles, estão nomes como Müller, Gotze e Jerome Boateng, que brilham na seleção alemã. É claro que times como Bayern, que tem muito dinheiro, também contam com vários atletas estrangeiros de ponta como Ribery, Luiz Gustavo e Robben.

UOL Esporte

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