Futebol vive crise de corrupção. Mas serve de exemplo para a Fórmula 1

(Foto: Jon Super/AP)














O futebol pode estar passando pelo pior período de sua história, com as inúmeras denúncias de corrupção assombrando suas instituições, mas ainda assim a Fórmula 1 acredita que deveria aprender com o esporte mais popular no mundo lições para sair de sua própria crise técnica e econômica.

Apesar de ser um dos esportes que mais lucra no mundo, a Fórmula 1 corre o sério risco de perder equipes em um futuro próximo. O motivo é a má distribuição do que é arrecadado – algo que não está na pauta das mudanças que estão sendo pensadas, uma vez que não interessa aos grandes.
"Não é algo que está sendo discutido, ainda que algumas equipes tenham pedido", revelou a chefe da Sauber, Monisha Kaltenborn, ao UOL Esporte. "Vemos como outros esportes funcionam bem nesse sentido. É só olhar para a Premier League, como eles fazem isso bem."

No campeonato de futebol mais rico do mundo, que arrecada, apenas em direitos de transmissão, 6,67 bilhões de libras (o equivalente e mais de 10 bilhões de dólares e 30 bilhões de reais), a divisão é feita em três fatias: uma é igualitária, a segunda leva em consideração a posição no campeonato e a terceira, o número de jogos transmitidos (sendo que há a garantia de que será pago o equivalente a 10 jogos). Assim, a última colocada no campeonato inglês recebe, pelo menos 88 milhões de dólares, enquanto quem mais arrecadou na temporada passada, o Liverpool, levou 138 milhões. A diferença é de aproximadamente 56%.

No caso da Fórmula 1, a última colocada recebeu 59,6 milhões, enquanto quem mais arrecadou, a Ferrari, levou 200,8, quase quatro vezes mais.
Monisha questiona os privilégios que as equipes maiores têm depois de negociar unilateralmente seus contratos com o detentor dos direitos comerciais da Fórmula 1, Bernie Ecclestone. Isso gerou uma série de discrepâncias que não dependem da posição do time no mundial de construtores e fez com que, enquanto Ferrari, Mercedes, Red Bull (que também administra a Toro Rosso), McLaren e Williams ficam, juntas, com mais de 792 milhões de dólares por ano, Sauber, Force India, Lotus e Manor dividem 273,2 milhões.

"Precisamos mudar esse sistema de distribuição porque ele simplesmente não funciona mais. Ele foi pensado em uma época em que fazia sentido, mas agora não entedemos por que existem estas equipes que são privilegiadas. Todos nós trabalhamos sério aqui, estamos investindo bastante, estamos lutando. Então acho que a distribuição é um dos elementos que têm de ser estudados."

O diretor técnico da Williams, Pat Symonds, também vê grandes lições para a Fórmula 1 no futebol – inclusive nas regras em si.

"Faz tempo que eu digo que as corridas devem ser mais curtas porque não acho que os jovens de hoje conseguem manter a atenção por muito tempo. Quando você assiste a um jogo de futebol, por exemplo, é um jogo rápido e com muita ação, e varia bastante – tem um time atacando e você não sabe o que pode acontecer. Isso tudo para, você vai tomar uma cerveja, e volta. Deveríamos aprender um pouco com isso porque é um esporte muito popular. Ouço muita gente dizer que vê a largada, vai cortar a grama, e volta para o final. E isso é terrível."

A Fórmula 1 volta à pista para a oitava etapa do campeonato no próximo final de semana, no GP da Áustria, com classificação às 9h do sábado e corrida, às 9h do domingo.

UOL Esporte

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