Saiba por que a Seleção Brasileira usa esquema raro no Mundial feminino

Daiane fica no chão após dividida dura com as australianas. Foto: AP

Daiane (no chão) faz a função de líbero da Seleção Brasileira

Esquema cada vez menos utilizado no futebol mundial, o 3-5-2 é a tática da Seleção Brasileira há alguns anos, e se repete sob o comando do treinador Kleiton Lima na Copa do Mundo Feminina de Futebol, na Alemanha. Na competição, também é raro ver equipes atuarem dessa forma, mas o técnico brasileiro tem uma justificativa direta para o fato: "fiz um estudo sobre isso no Brasil e é difícil achar laterais, inclusive entre os homens", alega Kleiton Lima, no cargo desde 2009.

"As nossas laterais avançam muito e deixam espaços nas costas, não fecham por dentro e são fisicamente inferiores, e também mais baixas, que as europeias", argumenta Kleiton, que apenas manteve o sistema que já era utilizado por Jorge Barcellos e Renê Simões, seus antecessores.

Em seus dois últimos grandes torneios, Olimpíada 2008 e Copa 2007, a Seleção atuou dessa forma e conquistou dois vices-campeonatos. Contra a Austrália, na estreia do Mundial 2011, repetiu o sistema com Aline Pellegrino, Daiane e Erika na primeira linha e não sofreu gols.

"A maioria das seleções tem duas atacantes. Ou seja, com três zagueiras nossa matemática fica exata, porque sobra uma líbero", acredita Rosana, que durante muito tempo foi a ala esquerda do Brasil, mas contra as australianas jogou no meio-campo. "Posicionado corretamente, acho um esquema muito consistente, a gente sempre tem uma a mais no meio. As alas também têm função de marcar, mas o time fica mais agressivo se a marcação for por pressão", exemplifica. Kleiton endossa o pensamento de Rosana. "Isso nos dá uma postura mais segura e a sobra sempre definida", disse.

Daiane, que é justamente a zagueira que atua na função de líbero, atrás das duas marcadoras, recorda que o 3-5-2 já é uma tradição. "É muito usado no futebol feminino, principalmente em São Paulo. A maioria está acostumada a jogar assim e é bom para atacar e defender. As laterais são ofensivas, as volantes também, então temos três sempre protegendo. Isso precisa ser treinado por muito tempo e a Seleção já joga assim por muito tempo", explica. Com bom humor, comemora a opção: "sobra uma vaga a mais".

Destaque no primeiro jogo contra a Austrália, Daiane se sobressaiu pela rapidez na cobertura de Aline Pellegrino e Erika. "Sempre teve esse negócio da altura, então tentei me destacar na velocidade, na antecipação, e tinha que fazer algo a mais que as outras", disse ela, que tem cerca de 1,60m e é conhecida como Bagé, cidade gaúcha onde nasceu.

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