Fiscais interditam mais uma obra da Olimpíada. Terceira em oito dias














A falta de segurança para operários interditou parcialmente mais uma obra da Olimpíada de 2016. Fiscais do trabalho paralisaram agora parte do trabalho para a construção da Transolímpica, avenida na zona oeste do Rio incluída da lista oficial de obras de legado dos Jogos de 2016. Essa é a terceira obra olímpica embargada pelo Ministério do Trabalho no período de uma semana.

De acordo com comunicado divulgado nesta quinta-feira (13), fiscais paralisaram o trabalho em tubulões sob ar comprimido da obra pois foram constatadas situações de grave e iminente risco à saúde e à integridade física dos trabalhadores. A Transolímpica vai custar R$ 1,6 bilhão.

Na quinta-feira da semana passada (6), fiscais do trabalho já haviam embargado a obra de duplicação do Elevado do Joá. O elevado liga a zona sul do Rio à Barra. Sua reforma também está no plano de legado da Rio-2016.

No Joá, foi constatada falta de proteção contra choque elétrico, de sinalização de advertência noturna e de escadas e rampas em escavações. Também verificou-se a falta de proteção contra queda de operários, que trabalham junto um desfiladeiro à beira-mar.

Na segunda-feira (10), os problemas foram solucionados e a obra foi retomada. A duplicação vai custar R$ 460 milhões aos cofres municipais.

Já na quarta-feira (12), o embargo foi na Transoeste, corredor de ônibus na zona oeste do Rio. A obra vai custar R$ 1 bilhão, no total. Parte da obra já foi inaugurada em 2013. O trecho entre o Terminal Alvorada e a Barra, contudo, só deve ficar pronto em 2016. Esse trecho vai custar R$ 91 milhões.

Lá, fiscais viram risco de atropelamento de operários, que trabalham no canteiro central de uma importante avenida do Rio, a Avenida das Américas. Também foi identificada capacidade insuficiente de refeitórios e de equipamentos de proteção, como óculos, coletes reflexivos, touca e máscara. A obra só será liberada após o atendimento de exigências do ministério.

Greve no Parque Olímpico

Em abril, operários do Parque Olímpico fizeram uma greve de duas semanas reclamando de más condições de trabalho. Na época, os trabalhadores afirmavam que estavam sendo mal representados pelo Sindicato da Construção e pediam que o Sindicato da Construção Pesada passasse a negociar por eles melhor remuneração e plano de saúde.

Vale lembrar que, durante a preparação do país para a Copa de 2014, operários paralisaram as obras de estádios por 103 dias, segundo o "Dossiê Megaeventos e Violações dos Direitos Humanos no Brasil", lançado na semana passada.

Só em obras de estádios, dez operários morreram. Em Manaus, quatro operários morreram enquanto trabalhavam na Arena da Amazônia. Já em São Paulo, outros três operários morreram em acidentes no canteiro de obras do Itaquerão.

A Prefeitura do Rio de Janeiro foi procurada pelo UOL Esporte para comentar o embargo de duas de suas obras para a Olimpíada. Informou que a paralisação e a segurança dos operários é responsabilidade das construtoras contratadas pelo município para executar os projetos.

A APO (Autoridade Pública Olímpica) é o órgão governamental responsável pela fiscalização e monitoramento de todos os projetos olímpicos. Questionada sobre os embargos, ainda não se pronunciou.

UOL Esporte

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